O presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o seu homólogo tanzaniano, Jakaya Kikwete, inauguraram na manhã de quarta-feira a Ponte da Unidade, que liga Moçambique e Tanzânia, e que constitui a materialização de um projecto expresso a 6 de Setembro de 1975 pelos falecidos presidentes Samora Machel e tanzaniano, Julius Nyerere.
Hoje podemos dizer que “a Ponte do sonho dos sonhadores do nosso futuro está aqui!”, estas foram as palavras de Guebuza, dirigindo-se aos presentes, particularmente aos habitantes do Posto Administrativo de Negomano, em Moçambique e de Mtambatswala, na vizinha Tanzânia.
Contudo, ambos os presidentes reconheceram durante o evento, em discursos separados, que a obra ainda está muito longe do fim, pois falta a conclusão dos acessos a ponte. “Temos a consciência de que ainda temos de completar o trabalho que iniciamos com a construção da ponte. Estamos a falar da reabilitação das estradas de acesso a ponte dos dois lados”, disse Guebuza, para de seguida vincar que “com o mesmo empenho que construímos a ponte, temos a certeza de que, a curto prazo, estes acessos, de Negomano a Mueda, em Moçambique, e de Mtambatswala a Nangomba, na Tanzânia, serão uma realidade”.
Por um lado, os acessos visam ligar a região de Negomano, a vila sede de Mueda, na província de Cabo Delgado, e por outro, a região de Mtambatswala, na Tanzânia, a vila de Mangaka. Estes constituem os grandes aglomerados populacionais mais próximos, sendo do lado moçambicano dista cerca de 175 quilómetros e do lado tanzaniano, 70 quilómetros.
A estrada que liga a vila sede de Mueda a Negomano, preocupa, sobremaneira, os seus principais utilizadores, devido a sua transitabilidade precária no período das chuvas. Com um custo avaliado em cerca de 35 milhões de dólares, cuja comparticipação foi de 50 por cento entre Moçambique e Tanzânia, a ponte possui um comprimento de 720 metros, 13,8 metros de largura que compreende duas faixas de rodagem de 3,25 metros cada uma e uma altura que se situa entre 7,5 a 10 metros.
Milhares de pessoas, de ambos os países, acorreram ao local para testemunhar o evento, que acabou por se transformar numa verdadeira festa. A cerimónia de inauguração teve lugar em ambas as margens do Rovuma, tendo a primeira sido realizada do lado moçambicano no período da manhã, e no início da tarde em território tanzaniano. O evento também foi testemunhado por vários membros do governo de ambos os países, entre os quais se destacam o governador da província de Cabo Delgado, Eliseu Machava, Ministro das Obras Públicas e Habitação, Cadmiel Muthemba, a antiga primeira ministra, Luísa Diogo, entre outros.
Na delegação tanzaniana, destacavase a presença de vários governantes entre os quais os antigos estadistas, Ali Hassan Mwini e Bejamim Mkapa. Na ocasião, Guebuza disse que a ponte materializa o sonho de Samora Machel e de Julius Nyerere de ver os moçambicanos e tanzanianos a consolidar as relações de amizade e de prosperidade. Fazendo um breve historial das relações entre ambos os países, Guebuza disse que estas datam desde a luta de libertação, durante a qual os cidadãos de ambos os países derramaram o seu sangue para a libertação de Moçambique do jugo colonial.
Mais tarde, explicou Guebuza, que a ambos se juntaram novamente, em 1978, quando antigo ditador ugandês, Idi Aimin, tentou anexar a região tanzaniana de Kaguera, e quando em 1986 os inimigos de desenvolvimento de Moçambique tentaram dividir o país pelo Vale do Zambeze. Por seu turno, Kikwete disse que, ele e o seu homólogo moçambicano, tinham a sorte pelo facto de já terem encontrado as relações entre ambos os países já cimentada. Segundo Kikwete, quem tiver a oportunidade de visitar a ponte dificilmente irá acreditar que a mesma foi construída por dois países pobres.
“Este é um grande projecto. Por isso, seria difícil imaginar que dois países pobres tivessem a capacidade de construir tamanho empreendimento”, disse Kikwete Para Kikwete, a ponte representa um ponto de partida para o desenvolvimento dos dois países, afirmando aos presentes que a vida das pessoas vai melhorar. “Daqui a seis meses vamos ver a diferença”, asseverou Kikwete, explicando que a ponte terá o condão de estimular a actividade económica na região e, consequentemente, melhorar o padrão de vida das populações”.
O estadista tanzaniano, aproveitou a ocasião para exortar os residentes a defender a ponte para que a mesma não seja vítima de malfeitores. “Cuidem da ponte. Se ela for destruída vamos voltar a andar de canoa”, apelou Kikwete. A ponte vai facilitar as trocas comerciais entre as populações ribeirinhas que, até num passado recente, eram feitas em condições extremamente difíceis, através de canoas.
Em Negomano já está instalado um posto de imigração e das alfândegas para o controlo do trânsito de mercadorias entre os dois países. Segundo o Censo Populacional de 2007, o Posto Administrativo de Negomano possui uma população estimada em 2.274 habitantes. A China Geo Engineering Corporation foi a empresa que construiu a obra, que teve como fiscal o consórcio norueguês Norconsult, APEX Engineering Co Limited da Tanzânia e da empresa ETENG Limitada de Moçambique.