O presidente do Conselho de Administração da empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM) referiu que a avaria, no cabo de fibra óptica, levará no mínimo quatro semanas a consertar. Entretanto, enquanto a crise prossegue, as populações das regiões afectadas mostram-se cada vez mais apreensivas com o nível dos prejuízos que a situação está a causar.
Joaquim de Carvalho falava em Maputo, algum tempo depois do cabo de fibra óptica se ter danificado a partir das 5 horas do dia 26/04/2010 numa zona que dista 110 quilómetros a norte do distrito de Vilanculos, província de Inhambane, na costa marítima onde o cabo se encontra colocado no mar a uma profundidade que varia entre 30 e 35 metros. Além de paralisar os serviços de telefonia móvel e fixa, bem como o sistema bancário e de administração financeira do Estado (SISTAFE), provocando assim a falta de salários, o problema está a criar transtornos para as pessoas e prejuízos incalculáveis nos diversos ramos de actividades na zona centro e norte do país.
A título de exemplo, segundo depoimentos dos nossos leitores na província de Nampula e Niassa, a situação atingiu níveis insustentáveis: as ligações via telefone móvel e fixo tornaram-se cada vez mais difíceis. Reclama-se igualmente pela escassez das redes de Internet e sistemas bancários. “A nossa província está incomunicável, a rede da mcel funciona apenas na zona urbana e dos bairros só é possível enviar sms. Muita gente está a mudar para a Vodacom porque, embora com oscilações, está razoável”, referiu Otília Macedo que reside em Nampula.
Por outro lado, de Lichinga, capital da província do Niassa, recebemos informações de que os únicos meios de comunicação que sobrevivem são os do sector público. “Esses meios escaparam porque funcionam via satélite”, comentou um morador. Ainda em consequência da crise, nos últimos dias a cidade de Lichinga está sem sinal do canal televisivo STV. Assim como o norte do país, o problema está a atingir níveis dramáticos na zona centro. Diz-se que em Chimoio, capital provincial de Manica, o funcionamento de algumas redes de telefonia móvel está a gerar ondas de oportunismo.
“Alguns revendedores de recargas e pacotes iniciais, aqui em Chimoio vendem os seus produtos por preços triplicados”, revelou uma fonte. “Esta situação está a trazer muitos transtornos. Aqui em Mocuba as coisas só funcionam via sms. Os bancos trabalham com dificuldades e o pior é que ouvimos dizer que a situação vai durar trinta dias. Assim, receamos que o processo afecte os nossos salários deste mês”, afirmou Dino Trinta, residente no distrito de Mocuba, província da Zambézia.
Em conexão com a crise, a Associação para Estudos e Defesa do Consumidor – ProConsumers, garantiu na capital do país que as operadoras de telefonia móvel comunicaram o caso às suas delegações, todavia lamentam que em termos concretos não houve reclamações por parte dos consumidores, pelo que, segundo aqueles, é estranho porque os cidadãos têm o direito de comunicar qualquer prejuízo que sofrerem enquanto adquirem um produto ou serviço. “Aconselhamos as pessoas a espreitarem a lei 22/2009, nela poderão encontrar tudo sobre os seus direitos”, apelam
No entanto, segundo as TDM, algumas equipas de técnicos de Maputo, Sofala e Manica estão a trabalhar nas províncias para controlar a situação através de formas alternativas para se retomar aos níveis normais. Enquanto tal não acontece, o calvário vai prosseguir durante os próximos dias, até ao fim deste mês.