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Polícia mata um cidadão e pede silêncio

Tudo começou on dia 1 de Março do ano em curso, em que um cidadão de nome Marco Briate (malogrado), é acusado e um seu comparsa cujo nome não foi possível identificar de terem roubado dois bidões de óleo e um saco de arroz, algures na vila deste distrito, o que levou a que fossem destacados elementos da polícia não identificados pelo depoente, para deslocaremse à casa deste (Marco) acompanhados do seu comparsa que se encontrava algemado, por volta das 19h, na altura este não se encontrava no local, só encontraram as senhoras (Isabel e Laura Briate- esposa e irmã do Marco Briate).

Chegados ao local, o mesmo conta que os agentes vasculharam a casa da família Briate e não encontraram nenhuma prova indiciária que pudesse incriminar o Marco, e como não tivessem conseguido nenhuma prova, levaram consigo duas pessoas que estavam presentes, nomeadamente a esposa e irmã do Marco. Conforme contou, Miguel Briate irmão mais velho do Malogrado, as duas começaram a ser “chamboqueadas” como forma de pressiona-las para confessarem se tinham visto onde estava o Marco ou o produto roubado. Nessa altura o Marco estava na casa do tal comparsa com quem era acusado de comparticipação no referido roubo. Passaram pela casa deste e encontraram algemaram-no e começaram a chamboquea -lo tendo -o levado ao Comando distrital da PRM de Morrumbala, isto na noite do mesmo dia e as senhoras voltaram para casa.

TERÇA-FEIRA DIA 2 DE MARÇO

Na madrugada da terça-feira o Chefe das Operações do comando da PRM de Morrumbala, que o conhecemos por Mandra, acompanhado de outros colegas deslocaram-se a casa da família Briate, com o fito de simular em como o Marco fugiu da cela e obter confissão forçada da família deste se tinham visto os bens em causa. Alias, uma fonte bem posicionada dentro da PRM, disse nos que o referido chefe das Operacoes é irmão do vice-ministro do Interior, José Mandra.

“Levaram de novo nas duas senhoras ao comando e começaram a serem investigadas”- disse a fonte para depois acrescentar que “por volta das seis horas da manhã ao amanhecer as duas senhoras ao verem o Marco na Cela questionaram, esta atitude não foi recebida com agrado, foram fortemente chamboqueadas e castigadas das 6h até 13h”- acrescentou o Miguel. Já nesta manhã, as duas contam que viram o Marco a ser esfregado sal todo o corpo e amarado cada braço ao seu pé, no local de tortura. Foi amarrado e pendurado ao um teto ou a um suporte como se de um cabrito em esfolamento se tratasse.

Terminado o castigo, fizeram-no descer, nessa altura o Marco já não conseguia falar ou gritar porque tinha perdido a voz. Já em baixo ajoelharam no e colocaram uma pedra no colo e começaram a bater de novo, com este tratamento o Marco não aguentou e dois agentes da polícia carregaram-no de volta a cela. Na tarde da terça-feira, Marco foi submetido de novo ao castigo. Às 20 horas, o depoente Miguel Briate, deslocou-se a Esquadra para resgatar as duas mulheres (Isabel e Laura Briate), presas em nome do Marco e pedir que fossem soltas. A polícia disse que ele deveria voltar no dia seguinte, portanto, quartafeira, as 8 horas.

 QUARTA-FEIRA DIA 3 DE MARÇO

Na quarta-feira, Miguel voltou para pedir falar com o comandante ou Chefe das Operações, tudo isso para o ver o seu parente. Mas, o agente que lhe atendeu disse que não valia pena, porque este encontrava-se muito doente e que as senhoras estavam fora das celas e não havia problemas. Miguel Briate, foi ter com o Chefe das Operações para fazer-lhe entender no sentido de soltar as duas senhoras sairiam no fim do dia porque estavam a fazer as últimas investigações.

Mais adiante, a fonte disse que o mais surpreendente é que o comparsa do seu irmão com o qual eram acusado no tal roubo não foi maltratado tanto como o Marco. As 15 horas da quarta-feira, isto passados três dias, foram soltas as duas senhoras, nessa altura o Marco ainda estava vivo e aproveitou pedi-las para que se tivessem que trazer comida que fossem papas porque não conseguiria engolir coisa forte e queixou – se que não estava a se sentir bem. Na senda dos seus depoimentos, o Miguel diz que tentou falar com o chefe da Policia de Investigação Criminal (PIC), este respondeu que: “Marco não esta sentir nada, está a gingar”-rematou.

QUINTA-FEIRA DIA 4 DE MARÇO

 Logo cedo, a esposa levou papas de farinha de milho que serviriam também para o almoço. Esta coincidiu com a retirada do Marco da Cela, porque os seus colegas (prisioneiros), estavam a gritar dizendo: “o Marco aqui está a morrer”-fim de citação Foi segurado nos dois braços e levaram para a mangueira onde veio a perder forças. Quando viram que o estado de saúde do Marco estava paulatinamente a degradar-se, o chefe das operações pediu uma bicicleta para leva-lo ao Hospital local.

A caminho do hospital sob olhar atento da sua esposa, o Marco já na fase terminal, pouco antes de chegar ao hospital, na área da Administração perdeu a vida, nisto, um preso que estava a acompanhalo para hospital virou-se para a esposa para dizer-lhe que o marido tinha morrido. O chefe das Operações não gostou da atitude e deu uma porrada ao preso porque este não queria que se soubesse que o Marco morreu antes do hospital. Chegados no banco de socorros, segundo a mesma fonte, acrescentou que o enfermeiro que não soube o nome tentou sem sucesso rejeitar o corpo uma vez que o mesmo tinha chegado sem vida.

O chefe das operações não queria que se soubesse que o Marco morreu pelo caminho e o corpo permaneceu na morgue do hospital até dia seguinte. Na sexta-feira a família Briate voltou a Esquadra para pedir esclarecimento e a polícia não quis assumir a autoria do crime alegando que o mesmo perdeu a vida no hospital, só que a família confirma que o Marco saiu de casa saudável. Gerou-se um ambiente de tensão e as duas partes entraram em alvoroço tendo a polícia recorrido aos disparos com recurso de arma de fogo para dispersar a famílias que ameaçava trazer o corpo a esquadra.

A família Briate exigiu que a polícia se responsabilizasse pelas despesas de sepultura, mas o comandante negou, alegando que senão passaria a ser costume. Depois de tanta pressão o Comandante aceitou sob condição de uma declaração onde a família assumiria que o Marco morreu no Hospital e que a polícia pagara o valor em solidariedade ao malogrado por ter passado pela esquadra.

A família aceitou fazer a declaração, que foi produzido em duplicado tendo ficado uma copia para cada parte e o comandante tirou cerca de 1400,00mts para custear as despesas do enterro tendo se efectivado no sábado dia 6 de Março. Uma história triste. Um caso de violação dos direitos humanos.

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