O antigo presidente moçambicano, Joaquim Chissano, apela aos lideres africanos para que oiçam os seus cientistas e para que enfrentem os desafios que o continente enfrenta de providenciar agua potável aos seus habitantes.
Falando durante a sessão de abertura de uma conferência internacional sobre o Uso Sustentável da Água, e que teve lugar na Universidade de Nairobi, Quénia, Chissano endossou um relatório compilado por cientistas africanos que examina os recursos hídricos em Africa e apela aos lideres políticos à trabalharem mais próximos da comunidade científica na busca de respostas para os desafios do continente. “A Agua em abundância é vital para a nossa capacidade de prosperar e desenvolver o nosso potencial. Sem água, vamos enfrentar o contínuo declínio do nosso bem-estar, agravamento da pobreza e fome, e dos conflitos no continente”, disse Chissano.
Actualmente, cerca de um terço da população africana não tem acesso a agua potável, e quase dois terços não tem acesso ao saneamento básico um sofrimento generalizado devido a ocorrência de doenças tais como a malária, febre tifóide, disenteria, entre outras. Por isso, disse Chissano, isso também reflecte-se na negativamente na nossa saúde, na perda de produtividade devido as doenças associadas com a falta de água potável e como consequência, acabam retardando o progresso de Africa. Enquanto isso, a população em muitos países continua a crescer rapidamente, a uma média anual de 2,5 por cento na região da Africa Sub-sahariana. Contudo, a falta de água potável e do saneamento do meio reduz o crescimento económico a um ritmo duas vezes superior.
Por isso, disse Chissano, “nós precisamos de aumentar a nossa produção de alimentos em 50 por cento durante os próximos 20 anos”. Chissano também abordou a questão das mudanças climáticas que torna a missão de conservar os recursos hídricos numa missão ainda mais difícil. “Os povos de Africa, que são responsáveis por menos de cinco por cento da poluição que alterou a atmosfera do planeta, vai sofrer o maior impacto das mudanças climáticas através de uma maior incidência de fenómenos naturais tais como cheias e secas”, disse Chissano.
Prosseguindo, o antigo estadista moçambicano, disse que as mudanças climáticas são um problema global, e que representa um desafio para o mundo de cumprir as suas promessas de reduzir pela metade a proporção de pessoas sem acesso a água potável e saneamento meio básico. “Mesmo assim, apesar de todos os obstáculos que enfrentamos, continuo a manifestar o meu optimismo no que se refere ao desenvolvimento agrícola e sustentabilidade dos recursos hídricos do continente”, disse. No seu discurso, Chissano disse que a introdução de novas normas de irrigação, tendo como pioneiros os cientistas africanos e centros de investigação tem o potencial de transformar a forma como são cultivadas a culturas alimentos básicos. Segundo Chissano, actualmente apenas 10 por cento das terras cultivadas em Africa são irrigadas, razão pela qual é possível aumentar consideravelmente a produção agrícola através da adopção de técnicas que não pressionem os recursos hídricos.
“Precisamos de fazer um maior uso de fertilizantes para adicionar mais nutrientes aos solos deficientes, usar variedades de culturas modernas e novas tecnologias agrícolas para aumentar a produtividade”, disse Chissano. Com a adopção de políticas correctas e compromisso o continente africano tem a possibilidade de igualar, e de facto ultrapassar o milagre agrícola asiático registado durante a última geração, disse Chissano, para de seguida explicar que isso poderá ser alcançado através de tecnologias sustentáveis para o meio ambiente.
Também é preciso tem em consideração que cerca de 80 por cento da população africana depende da agricultura como forma de sustento. Para o seu sucesso, Chissano defende o uso sustentável da água e o aumento da produtividade agrícola como chaves para se atingir a prosperidade e os nossos objectivos de desenvolvimento