Winnie Mandela, antiga mulher do antigo presidente sul-africano Nelson Mandela, procurou semana passada desmentir que tivesse feito ao escritor VS Naipaul e a sua mulher, Nadira, declarações muito pouco abonatórias em relação àquele autêntico ícone das populações de toda a África.
“Não dei uma entrevista”, afirmou Winnie num comunicado distribuído sexta- feira em que procura desautorizar o longo artigo que Nadira Naipaul publicou dia 8 no jornal londrino The Evening Standard. O Congresso Nacional Africano (ANC), partido maioritário, pedira-lhe quinta-feira que esclarecesse as suas alegadas afirmações de que o exmarido, que dela se divorciou em 1996, “aceitou um mau acordo para os negros”. ”Economicamente, os negros continuam de fora”, teria afirmado aquela que, aos 73 anos, ainda é admirada por muitos por ter sido maltratada durante os tempos do apartheid e que pertence à Comissão Nacional Executiva do ANC.
No seu trabalho para o jornal britânico, baseado numa conversa que os Naipaul tiveram o ano passado com a antiga mulher de Nelson Mandela, na sua residência fortificada do Soweto, Nadira contou que Winnie não perdoa àquele com quem foi casada que tenha aceite partilhar o Nobel da Paz de 1993 com “o seu carcereiro” FD de Klerk, o último Presidente branco da África do Sul.
“Vejam o que fizeram dele, do grande Mandela. Não tem controlo sobre nada e nada diz. Colocaram aquela enorme estátua dele mesmo no meio da mais rica área branca de Joanesburgo (Sandton). Não aqui, onde nós vertemos o nosso sangue e onde tudo começou. Mandela é agora como uma instituição. É passeado pelo mundo para recolher dinheiro (para o ANC); e está contente com isso”, teria prosseguido Winnie, quando recebeu o casal Naipaul.
No comunicado distribuído sexta-feira pela Fundação Nelson Mandela, a controversa figura política afirma que o trabalho jornalístico em causa se baseia numa “entrevista fabricada”. Porém, The Evening Standard já defendeu o seu ponto de vista, segundo o qual Nadira esteve na residência de Winnie Madikizela-Mandela no Soweto, arredores de Joanesburgo, e falou demoradamente com ela das suas experiências.
“Não conseguimos compreender o desmentido de um acontecimento e conversa que claramente se verificaram”, disse o jornal. Mas a articulista ainda não chegou a esclarecer se acaso a pessoa com quem esteve a conversar estaria consciente de que poderia vir a ser citada, ao emitir as suas opiniões, que eventualmente não seriam para transparecer para fora das paredes daquela sala.
