O Edil de Maputo, David Simango, defendeu esta sexta-feira que nomes sem dignidade e nem orgulho para Moçambique devem ser expurgados da toponímia da capital do país. “É preferível dizer rua “B” do que dizer rua (António) Salazar (antigo ditador português), por exemplo”, disse Simango, falando na abertura do primeiro seminário sobre a Toponímia do Município de Maputo, realizado hoje, para discutir a atribuição de topónimos na urbe desde que se criou, em 2006, uma comissão encarregue desse trabalho.
Segundo o Edil, desde a sua criação, a Comissão Municipal de Toponímia já processou 218 lugares, entre ruas, largos e pracetas, incluindo uma avenida, ponte e todos os cinco distritos Municipais. Contudo, algumas dessas propostas ainda aguardam a decisão do Ministério da Administração Estatal (MAE). Entretanto, ainda existe muito trabalho por fazer.
A cidade de Maputo conta com cerca de três mil vias de acesso, das quais apenas mil possui designações. “Para além dos novos bairros que tendem a aumentar, existem ruas e lugares do nosso Município sem denominação ou, pior do que isso, ostentam designações que não nos orgulham, não se identificam com a nossa história e que nos deixam algo preocupados, sobretudo quando pensamos nas nossas crianças que, uma vez familiarizadas com tais nomes, e não tendo um passado colonial, dificilmente entenderão por que razão são alterados”, disse o edil.
Por isso, segundo David Simango, é imperioso definir-se as normas precisas e clarificar-se as responsabilidades de cada interveniente neste processo para poder se disciplinar, sistematizar e consolidar os métodos de atribuição e de gestão deste processo. Em contacto com a imprensa, Teresa Chissequere, da Comissão Municipal de Toponímia, disse que este órgão começou a trabalhar na atribuição e alteração de topónimos há dois anos. Além dos 218 nomes atribuídos a igual número de topónimos, a Comissão vai também seleccionar 113 toponímias para serem substituídas. Ela explicou que existem vários critérios observados para se atribuir os topónimos, sendo alguns deles a exten
são da via (se é de dimensão nacional ou local), o seu significado, e, em caso de nomes de pessoas, os feitos dessa personalidade ao nível local ou do país. Esse processo inicia nos bairros, envolvendo os moradores locais e termina com a aprovação das propostas submetidas ao MAE (Ministério da Administração Estatal) pelo Conselho Municipal de Maputo (CMM), após a apreciação da Assembleia Municipal. Questionada pela AIM se os líderes da oposição são também elegíveis a atribuição de toponímia, Chissequere respondeu que “todas pessoas são elegíveis”, adiantando, contudo não saber se existe algum candidato que figura nessa categoria.
Entretanto, em Janeiro deste ano, houve uma polémica dando conta de que o CMM havia atribuído uma rua do bairro de Mahlazine, arredores da cidade, ao cantor MC Roger (um dos artistas do ramo que não reúne consenso na sociedade). O Município, na pessoa do seu Presidente, nega tal acusação, alegando que não existe nenhum topónimo com o nome de MC Roger nem sequer uma proposta nesse sentido.
Segundo Chissequere, o facto é que os dirigentes daquele bairro terão proposto o nome de MC Roger, mas essa proposta foi rejeitada pelos residentes locais e por membros da Comissão.