O Juiz Dimas Marrôa, que presidiu o colectivo de juízes do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo que julgou o caso do desvio de mais de 54 milhões de meticais (um dólar norteamericano equivale a cerca de 27,5 meticais) da empresa pública Aeroportos de Moçambique (ADM), queixou-se da existência de planos para o assassinar.
“Tenho conhecimento de que minha vida corre riscos”, disse Marrôa, momentos depois de ter sentenciado, Sábado ultimo, cinco co-réus, incluindo o ex – Ministro dos Transporte s e Comunicações, António Munguambe, e o ex – Presidente do Conselho de Administração da ADM, Diodino Cambaza, a penas que vão até 22 anos de prisão maior. Contudo, Marrôa vincou que “não estou preocupado. Todos nos vamos morrer. A diferença é que a minha morte pode ser violenta e não natural”. O juiz deste caso inédito disse desconhecer as pessoas que estarão por detrás da ameaça de assassinato.
Antes de Marrôa ser juiz, passou pela vida militar e cursou jornalismo. Ele fez questão de realçar que esta condenação não teve nenhuma influência política, apesar de tentativas, nesse sentido, não terem faltado. Por outro lado, Marrôa vincou que não há razão de não se condenar os principais envolvidos neste caso de desvio de fundos do Estado, numa altura em que o Orçamento do Estado depende de doações.
“O país não pode continuar a viver situações do género”, frisou Marrôa. Munguambe foi condenado a 20 anos de prisão maior, e o ex-PCA da ADM, Diodino Cambaza, a 22 anos de prisão, também maior. Esta é a pena mais grave dos cinco co-réus. Antenor Perreira, antigo Administrador financeiro da ADM, vai também cumprir 20 anos de prisão maior.
Maria Deolinda Matos, ex – Administradora Delegada da empresa Sociedade moçambicana de Serviços (SMS), uma subsidiaria da ADM, empresa usada para o desvio de parte do dinheiro em questão, e António Bulande, ex – Chefe do Gabinete do ex-Ministro Munguambe, foram condenados a dois anos de prisão.