o guião de uma telenovela banal, mas também o enredo da moda nas relações entre a Electricidade de Moçambique (EDM) e os consumidores: consumo ilegal, descoberta e corte, restabelecimento e regularização da situação do ‘infractor’. Na semana passada, houve novo episódio.
A protagonista do insólito é a actual Escola Primária Completa Lurdes Mutola que, durante 38 anos, consumiu corrente eléctrica sem o conhecimento da EDM. Os últimos pronunciamentos dos funcionários do sector da Educação são unânimes em afirmar que em muitas instituições do país as aulas arrancaram sem sobressaltos, embora o mesmo não se possa dizer relativamente a várias outras escolas. A título de exemplo, o desenrolar do ano lectivo de 2010 não foi tão favorável para perto de 900 alunos do curso nocturno da antiga Escola Mista de Chamanculo na cidade de Maputo.
Tudo porque após o arranque do semestre, os pupilos ficaram privados de assistir às aulas, de 8 a 17 de Fevereiro, devido a um corte de energia protagonizado pela EDM alegadamente porque o consumo da corrente eléctrica na instituição era feito sem os devidos pagamentos desde 1972, ano em que a escola começou a funcionar, ou seja, durante 38 anos consecutivos aquela instituição de ensino primário nunca teve com a EDM um contrato que lhe permitisse o consumo de energia.
Entretanto, o director da escola confirma a situação e acrescenta que tal sucedeu quando uma equipa da EDM se apresentou no local para fazer a troca do sistema convencional para os actuais serviços de Credelec. “Desde que a escola surgiu, o consumo da corrente eléctrica é assim… Em 1996 submetemos um pedido de legalização à Direcção Nacional de Energia, mas não fomos respondidos.
Em 2007 retomámos, mas até hoje aguardamos a resposta”, afirma. De acordo com aquele responsável, além dos esforços da Direcção de Educação da Cidade, as sucessivas direcções daquele estabelecimento tentam em vão, desde 1996, a oficialização do processo. Na sequência dos acontecimentos, alguns alunos comunicaram ao nosso jornal que tal cenário vinha prejudicando o processo de ensino e aprendizagem, sendo que, a continuar daquela forma, estes procederiam a manifestações. “Achamos que é todo um conjunto de coisas, incluindo situações desta natureza que contribuem de forma negativa para o nosso aproveitamento pedagógico.
Esperamos que a direcção da escola resolva logo a crise”, afirmou um dos estudantes. No entanto, segundo as palavras do director da escola, a situação está controlada e neste momento, tudo voltou à normalidade. Por enquanto está a ser resolvida a “velha” questão da legalização do consumo, um processo que vai passar pela mudança da actual instalação, visto que a mesma é arcaica, a seguir virá a vistoria e posteriormente a ligação. Contudo, enquanto tal não acontece a “Lurdes Mutola do Chamanculo” continua a consumir ilegalmente a energia eléctrica.
