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2013: um ano para esquecer…

2013: um ano para esquecer...

Ao longo deste ano houve um misto de acontecimentos e a repulsa dos cidadãos em relação às acções do Executivo na resolução das suas inquietações é indubitavelmente notória. Inúmeros moçambicanos, apesar de desejarem mudanças que lhes afastem da penúria, tendem a renunciar a tal intervenção em vários assuntos sobre a vida da nação. O seu envolvimento nos processos políticos, democráticos e no momento de exercer o dever cívico, é cada vez mais diminuto em virtude da sua insatisfação relativamente à governação do país. As últimas eleições autárquicas, sobretudo no maior círculo eleitoral, Nampula, provaram isso. Ao mesmo tempo que uns celebram vitórias, outros, na sua maioria, expressam frustrações e anseios de diversas formas e fazem uma avaliação do estado da nação paralela ao propalado nos discursos de praxe.

Alguns citadinos entrevistados pelo @Verdade consideram que os informes anuais sobre o Estado da Nação proferidos pelo Presidente da República, Armando Guebuza, são ressonantes, pois o recrudescimento do crime organizado, a corrupção, o aumento da pobreza em algumas zonas do território moçambicano, principalmente no meio rural, a falta de transportes, a não distribuição justa da riqueza, a má qualidade do ensino em quase todos os níveis, e o dominante mau atendimento nas unidades sanitárias são alguns problemas que continuam a tirar o mérito às acções do actual Governo, de acordo com os nossos entrevistados.

Para além da falta de medicamentos nas unidades sanitárias, a letargia das instituições do Estado na tramitação processual relativa aos detidos, em particular em prisão preventiva nas várias cadeias do país cujos prazos expiraram há mais de um ano, a burocracia instalada em algumas instituições de prestação de serviços públicos tais como de emissão de bilhetes de identidade, concorrem, também, para a atribuição de uma nota negativa ao Executivo.

Num outro desenvolvimento, os nossos interlocutores, manifestamente agastados com o pulsar da nação, indicam que os atrasos sistemáticos do pagamento de salários dos professores, a não melhoria das condições de trabalho dos médicos e a incapacidade do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) de lidar com as catástrofes naturais, tais como as inundações que anualmente flagelam o país, não permitem, igualmente, que se considere que o estado da nação seja “bom”.

Aliás, o país, segundo os mesmos cidadãos, está na iminência de uma guerra por causa da intolerância do mais alto magistrado da nação. Quase todos os dias há relatos de pessoas feridas ou mortas no troço entre Muxúnguè e Rio Save, na Estrada Nacional número 1, devido ao conflito armado que se vive desde Abril deste ano. A liberdade de expressão está ameaçada. Para ilustrar esta situação que se não for refreada poder culminar com a coarctação da actividade dos órgãos de comunicação social, os nossos entrevistado indicaram que a intimação dos editores do semanário Canal de Moçambique e diário electrónico MediaFax para prestarem depoimentos na Procuradoria são um indício claro do controlo que se pretende exercer sobre os media independentes.

 

 

VOX POPULI

“O estado da nação é mau. A população vive assustada devido à criminalidade. Os sequestros continuam, pese embora em menor escala. A Polícia fala de dinheiro abertamente e em voz alta nas esquadras como condição para soltar presos, o que é uma lástima e perca de ética. Há uma tensão político-militar que afecta o centro e norte do país e é triste que isso tenha chegado a este ponto e que inocentes estejam a perder a vida por causa de problemas políticos que podiam ser resolvidos. O Chefe de Estado não pode vir a público dizer que o Estado da Nação é bom”, Hoji Júnior.

“O estado da nação é péssimo por causa do retorno à guerra e falta de vontade de negociação, o que demonstra uma concepção centralista do poder: só eu é que sei, só eu é que faço; da greve dos médicos e pessoal da enfermagem, dos roubos, assassinatos, raptos e um corpo da Polícia completamente inoperante, como é possível um polícia estar implicado num rapto? As cheias, a falta de planeamento, a corrupção e os processos na Procuradoria-Geral da República levam meses para serem analisados e perdem-se com o tempo”, Leonel Andrade.

“O estado da nação não é bom devido a tantas mortes que aconteceram no país, os sequestros, aos homens que engomavam a ferro e que feriam à catana e os atrasos no pagamento de salários”, Lezele Isaque

“A crise de água e a inoperância da Polícia faz com que o estado da nação seja mau”, Ali António.

“A carestia da vida tende a piorar porque os preços dos produtos alimentares e de combustível aumentaram, para além de que o acesso à saúde continua deficitário”, Arquimedes Ramucha.

“Os ataques protagonizados pelos homens da Renamo, pela Força de Intervenção Rápida (FIR) e pelas Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) nos distritos de Rapale e Murrupula, a falta de medicamentos e não pagamento de horas extras no sector da educação preocupam-me”, Reagan Uetro.

“A precariedade dos bairros, sobretudo as precárias condições do saneamento do meio, e a criminalidade que tende a alastrar-se, e os raptos são alguns problemas que me preocupam”, Fátima Manguele.

“O estado da nação em Moçambique é mau: assistimos a governantes arrogantes, insensíveis e sem interesse pelo povo, mas sim na riqueza e lucros que o povo produz. Assistimos este ano a uma greve dos médicos e profissionais de saúde devido à precariedade das suas condições de trabalho e salário”, Varlido Mahoche.

“O ano prestes a findar foi marcado pela greve dos médicos, tensão político-militar no centro de Moçambique e a falta de consenso no diálogo entre o Governo e a Renamo. O ano podia ter sido bom”, Arsénio Paia.

“Estou indignado com por causa dos sequestros. As pessoas batalham para sobreviver e quando conseguem obter alguns meios para o efeito são inibidos de se movimentar na rua comodamente e tornam-se reféns de delinquentes com o seu próprio dinheiro. Este tipo de crime apavora os cidadãos e causa insegurança na medida em que de há tempos para cá já é difícil saber quem os malfeitores vão sequestrar”, Danilo Almeida.

“O estado da nação é lastimável: tivemos greves nos hospitais devido à greve dos médicos, o custo de vida subiu, estamos numa guerra não declarada, compra de navios da EMATUM, corrupção ao mais alto nível, aumento do crime violento e sequestro, dentre outros”, Adelino Pascoal.

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