O até há pouco líder da oposição do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, prestou na quarta-feira, juramento no cargo de primeiro-ministro perante o presidente Robert Mugabe, para formar um Governo de união nacional que retire o país da crise política e económica em que se encontra.
A cerimónia decorreu às 12:00 locais nos jardins do palácio presidencial de Harare, com um grande número de convidados. Tsvangirai pronunciou o juramento perante Mugabe, tendo ambos em seguida assinado os documentos que transformam o opositor em primeiro-ministro, antes de apertarem as mãos, no meio aos aplausos dos convidados. Com este acto, Mugabe, que completa 85 anos no próximo dia 21, partilha pela primeira vez o poder que monopoliza no Zimbabwe desde a independência do país do Reino Unido, em 1980.
Após o juramento de Tsvangirai, líder da facção maioritária do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), também jurou como vice-primeiro-ministro Arthur Mutambara, dirigente da facção minoritária do mesmo grupo. O novo Governo, cujo gabinete de ministros será constituído hoje, tem o desafio de retirar o país de uma crise política que gerou uma situação económica desastrosa e uma catástrofe humanitária. Tsvangirai já divulgou a sua lista de ministros, na qual se destaca a designação como responsável de Finanças de Tendai Biti, que até à semana passada era acusado de “traição” pelo regime do presidente Mugabe. Até há pouco tempo, Biti rejeitava um Executivo conjunto com a governante União Nacional Africana do Zimbabwe/Frente Patriótica (Zanu/PF), de Mugabe, que continuará como presidente, segundo um acordo obtido com a mediação da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).
Segundo a ONU, sete milhões dos 12 milhões de habitantes do Zimbabwe precisarão este ano de ajuda alimentar para sobreviver, enquanto uma epidemia de cólera infectou cerca de 70 mil pessoas e causou 3,4 mil mortes nos últimos meses.