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Novo primeiro-ministro do Zimbábue promete “curar” um país arruinado

 

 

Morgan Tsvangirai, líder da oposição no Zimbábue, tornou-se esta quarta-feira o primeiro-ministro de seu arquirrival, o presidente Robert Mugabe, e prometeu “curar a Nação”, reconstruir a economia arruinada e acabar com as violências políticas.

“As violências políticas têm que acabar hoje”, declarou o chefe do Movimento pela Mudança Democrática (MDC, ex-oposição) em discurso para 10.000 de seus partidários em Harare.

“Não podemos mais deixar irmãos combaterem seus irmãos”, clamou, provocando uma ovação da multidão. “Precisamos curar a Nação. Sem processo de reconciliação nacional, não poderemos progredir juntos” no governo de união que deve começar a funcionar na sexta-feira, quase um ano após a derrota do regime de Mugabe nas eleições gerais de 29 de março de 2008.

O próprio presidente Mugabe, que com quase 85 anos dirige o país com mão-de-ferro desde a independência em 1980, admitiu que a primeira missão do governo será superar a desconfiança acumulada entre o regime e sua ex-oposição.

A onda de violêncis que tomou conta do país depois das eleições de março deixou mais de 180 mortos, em maioria partidários do MDC. Mugabe acabbou reeleito em junho passado, ao término de uma eleição na qual era o único candidato.

“Estamos todos cientes de que o caminho foi longo, difícil e muitas vezes frustrante. Não foi fácil superar uma desconfiança tão profunda”, declarou Mugabe. “Estendo a mão da amizade e da cooperação, uma cooperação calorosa e solidária ao serviço de nosso grande país”, afirmou.

Durante toda a cerimônia de posse, organizada sob uma tenda branca nos jardins da residência presidencial em Harare, os dois rivais evitaram ao máximo olhar um para o outro, limitando-se a um rápido aperto de mãos.

Esta frieza demonstra a forte desconfiança que existe entre os dois homens, que têm agora de formar seu governo cinco meses depois da assinatura de um acordo de divisão do poder. Inicialmente, o MDC não queria se juntar a esta coalizão, para não correr o risco de ficar subordinado à União nacional africana do Zimbábwe-Frente Patriota (Zanu-PF), o partido do presidente.

Diante de seus partidários, Tsvangirai, 56 anos, ressaltou a amplitude da tarefa que espera o novo governo, uma vez que a economia do país está em frangalhos e a população continua profundamente dividida.

“Vai demorar para compartilharmos um objetivo comum, vai demorar para reconstruirmos nosso país”, constatou, pedindo à comunidade internacional que ajude o Zimbábwe. Mais da metade da população sofre da fome neste país, outrora próspero.

Quase 95% dos zimbabweanos com idade para trabalhar estão desempregados, e apenas 20% das crianças são escolarizadas.

Os hospitais públicos estão fechados, devido à falta de médicos, de enfermeiras, de material e de medicamentos.

Uma epidemia de cólera atingiu 70.000 pessoas, matando 3.400 desde agosto.

Para recuperar os serviços de primeira necessidade no país, o primeiro-ministro pretende pagar todos os funcionários públicos – médicos, professores, soldados, policiais – com divisas estrangeiras já em fevereiro.

A moeda nacional, o dólar zimbabweano, não tem nenhuma substância já que é assolado por uma espantosa hiperinflação.

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