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Zandamela arranjou solução “da casa” e “moçambicana” para o Moza Banco

Zandamela arranjou solução “da casa” e “moçambicana” para o Moza Banco

ArquivoO Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, que na semana finda disse fora do país que não recebe pressão política, decidiu-se por uma solução politicamente correcta e manteve o Moza Banco nas mãos de moçambicanos. Coincidentemente cidadãos nacionais associados numa sociedade anónima que gere o fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, denominada Kuhanha. Fica a dúvida como irão os funcionários do banco central fiscalizar o seu próprio banco comercial.

A Comissão de Avaliação do Moza Banco, instituição bancária resgatada pelo Banco de Moçambique(BM) em Setembro passado, devido a insustentabilidade financeira, tornou público nesta quarta-feira(31) que a Kuhanha é a “entidade seleccionada com os requisitos prudenciais dentre os quais, a capacidade financeira para garantir a estabilidade da instituição, adequação do plano de negócios e dos membros dos órgãos sociais propostos”.

Porém o @Verdade sabe que a escolha da Kuhanha foi uma decisão unilateral do Governador do BM, sem mesmo consultar os seus pares da Administração, ignorando as boas propostas de pelo menos cinco instituições financeiras internacionais que terão concorrido a aquisição do quarto maior banco comercial no nosso país, após os anteriores accionistas maioritários do Moza Banco terem abdicado do exercício do direito de preferência.

Falando em conferência de imprensa João Figueredo, que de presidente do conselho de administração provisório passou a presidente conselho executivo do Moza Banco, escusou-se a indicar que instituições concorreram para a compra do Moza Banco. “Foram de facto várias as candidaturas que nós recebemos, eu poderia dizer que recebemos três grupos de manifestações de interesse. Não nos compete a nós estar a divulgar quem são esses candidatos”.

Figueredo, que vai trabalhar com Lourenço do Rosário como presidente da Assembleia Geral, e Sales Dias como presidente Conselho Fiscal, enfatizou no entanto que “hoje posso dizer com muito agrado que ao fim de oito meses, conduzidos por moçambicanos encontramos uma solução moçambicana e hoje temos aqui um banco que vai trazer valor acrescentado para os accionistas. É uma solução nossa interna, da casa, não fomos buscar lá fora para fazer”.

Na sequência da escolha a Kuhanha deve recapitalizar o Moza Banco em 8.170.000.000,00 meticais e passará a deter uma participação de 80%. Os restantes 20% ficam repartidos pelos antigos accionistas: a Moçambique Capitais, S.A. (que tinha 50,999%), o Novo Banco ÁFRICA, SGPS, S.A. ( que tinha 49,000%) e o o cidadão António Matos (que mantém a quota de 0,001%).

Esta sociedade anónima foi constituída em 2006 para gerir o fundo de pensões dos trabalhadores do Banco de Moçambique, tem investimentos em várias empresas, e naturalmente tem na sua direcção vários antigos funcionários seniores do banco central, como o caso do ex-Administrador Firmino Santos, e já teve nos seus órgãos sociais o actual ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, aliás é um dos beneficiários do fundo.

Portanto a instituição responsável por pagar a reforma aos trabalhadores do banco regulador têm agora um banco comercial, quão transparente e isenta será a fiscalização futura do Moza Banco?

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