O Xperia X8 é equipado com o sistema operacional que mais cresce no mundo, o Android, do quase sempre simpático Google. Ainda que a Sony Ericsson tenha anunciado recentemente que não irá actualizar o Xperia X8 para o Android 2.3 – como fez com o Xperia X10 –, vale a pena lembrar que a versão 2.1 já é muito melhor que as duas anteriores e que se adequa bem à capacidade de processamento do aparelho.
Usei o Xperia X8 por quase três semanas e devo dizer que em momento algum quis voltar a correr para o meu smartphone pessoal. O design foi o primeiro item do aparelho que me conquistou.
O teste foi feito com um exemplar todo preto, o que só contribui para a impressão de elegância que ele passa com as suas curvas subtis e anatómicas, que ajudam na altura de manejar o aparelho. Para quem aprecia uma padronização, o Sony Ericsson Xperia X8 está disponível nas cores branco, preto, azul claro e branco, prateado e branco, branco e azul, branco e rosa, prateado e azul escuro, preto e vermelho, preto e azul e preto e cinza.
Outra grande vantagem do Xperia X8 frente aos demais smartphones é o seu tamanho. O Xperia X8 mede 9,9 cm de comprimento, 5,4 cm de largura e apenas 1,5 cm de espessura, cabendo, assim, na palma da mão de um homem normal. E para quem se queixa do peso dos smartphones, ele pesa apenas 104 gramas, praticamente uma pluma.
Mas o tamanho torna-se um problema quando se deseja digitar uma mensagem ou qualquer outra operação em que o teclado se faz necessário – e são muitas num smartphone que, com acesso à Internet, se torna uma ferramenta de busca, de actualização das redes sociais e por aí fora.
A tela capacitiva sensível ao toque de três polegadas é a grande responsável por fazer do Xperia X8 um celular pequeno e também por dificultar a escrita. É quase impossível escrever no teclado QWERTY virtual (única opção) com o aparelho na vertical, mas na horizontal não há problemas.
Também por causa das três polegadas, por vezes, o toque acaba por não ser preciso e aquele aplicativo, nada a ver, abre contrariamente ao que você gostaria.
Incomoda um pouco, é claro, mas nada que comprometa o desempenho do aparelho. Até porque a tela possui um recurso muito interessante que vai além da customização oferecida pelo Android básico e as suas cinco telas iniciais. Estamos a falar dos quatro cantos personalizáveis da tela de início. São cantinhos arredondados onde o usuário pode escolher que atalho colocar. Eu, por exemplo, configurei com atalho para as mensagens, para o Gmail, para o Twitter e para os meus contactos.
Som, imagem e actualização do Android
Para quem está atrás de um smartphone que substitua todos os demais dispositivos, câmara fotográfica portátil e MP3 player, o Sony Ericsson Xperia X8 pode não ser a melhor opção. Tudo depende da expectativa do usuário.
A câmara de 3.2 megapixels é um pouco frustrante para quem se preocupa com imagens em boa resolução, pois deixa bastante a desejar. O mesmo ocorre com os vídeos, que ficam cheios de ruídos, com as cores pálidas, bem distantes da realidade.
As imagens dos vídeos do YouTube, entretanto, ficam bem boas, e mesmo o tamanho da tela não compromete a qualidade do vídeo, nem dos jogos que já vêm instalados no aparelho ou que o usuário queira baixar. Como a maioria dos concorrentes, o Xperia X8 tem botão físico de atalho para a máquina fotográfica e também de volumes.
O alto-falante do Xperia X8 – dificilmente ouço música sem fones, mas é preciso testar o aparelho ao máximo, não é mesmo? – é normal quando comparado com os demais smartphones. O fone de ouvido que vem com o aparelho é um pouco grande, desconfortável e com uma qualidade que beira o péssimo. Durante o teste, tentei usá-lo ao máximo, mas era tão incómodo que tive de deixá-lo guardado na bolsa e usar o meu bom e velho fone com capa de espuma.
O botão de infinito tão alardeado pela Sony Ericsson é de facto interessante se o usuário tem bateria, plano de dados ilimitado ou está conectado ao Wi-Fi. Isso porque, ao ser pressionado, o botão infinito vai atrás de informações sobre aquela música que você está a ouvir no momento, como o nome do álbum, por exemplo. O aparelho já vem com identificador de músicas com o aplicativo similar ao Shazam, o TrackID.
É importante observar também que se você pretender ter várias das suas músicas favoritas no smartphone, tirar fotos, fazer vídeos, baixar aplicativos e ainda usá- -lo como um celular, eventualmente os 128 MB de memória do telefone mais os 2 GB do micro SD podem ser muito, mas muito pouco. O bom é que o aparelho suporta micro SD de até 16 GB. Além de tudo, lembre- -se de que o Sony Xperia X8 tem processador de 600 MHz, enquanto o Xperia X10, único da linha a receber actualização para o Android 2.3, tem 1 GHz.
O processamento de algumas tarefas deixa a desejar em alguns momentos, mas um usuário de Xperia X8 tem que saber que tem em mãos um dos chamados aparelhos de entrada da Sony Ericsson e que, se quiser um smartphone que se pareça mais com um netbook ou mesmo um tablet do que com um celular, terá que investir um pouco mais.
O processador, aliás, é o motivo que a Sony Ericsson apresentou aos seus clientes para não actualizar o sistema operacional nos demais aparelhos da linha Xperia.
“Cada nova versão Android também tem requisitos mínimos de performance, memória, resolução de tela, entre outros, que torna mais difícil ou até mesmo incompatível rodar uma nova versão num hardware anterior”, explicou a empresa num comunicado recente.
Além disso, vale lembrar que o Android para smartphones é um sistema de código aberto no qual os fabricantes adicionam drivers, aplicações, requisitos de operadoras, novas funções e fazem a integração com o hardware. Por essa razão também é que as interfaces dos smartphones com Android diferem tanto uma da outra. A interface do Sony Ericsson Xperia X8 é bem elegante, em tons de azul, branco e cinza, mas um pouco exagerada nas curvas e nos brilhos dos “botões”.
Timescape
Outra funcionalidade propagandeada pela Sony Ericsson é o Timescape, serviço que mais uma vez provoca a mesma pergunta: porque as fabricantes insistem em criar programas próprios que integram as redes sociais se até o Twitter já pode ser integrado no Facebook sem intermediário (existem aplicativos no Facebook para tanto)? Sinceramente, a minha opinião é que as empresas deveriam preocupar-se mais com o hardware dos seus aparelhos, com o design e com o desempenho dos seus sistemas operacionais do que com as redes sociais.
As redes sociais cuidam de si próprias sozinhas e muito bem. E mesmo que os aplicativos do Twitter e do Facebook para Android não sejam uma maravilha na opinião de muitos, existem diversos apps que cumprem esse papel ainda melhor; então, para que gastar tempo a desenvolver isso? O Timescape, por exemplo, integra Twitter, Facebook e até as suas mensagens de texto.
Um quadrado com o texto da actualização do seu contacto aparece em destaque no centro e com o toque é possível folhear das postagens mais antigas até as mais recentes. Elegante, mas nada prático, porque você só vê uma actualização do contacto por vez, e só um contacto, e ainda corre o risco de ter como texto principal aquela mensagem de cobrança que você recebeu recentemente. Totalmente desnecessário.
Como qualquer outro smartphone, independentemente da marca, o Xperia X8 não é perfeito. Tem as suas limitações enquanto hardware, alguns excessos na modificação feita no Android e deixa a desejar quando o assunto é ter imagens com qualidade de foto e de vídeo.
O fone de ouvido compromete alguns dos seus usos mais recorrentes, mas o carregador de bateria com cabo USB numa ponta e micro USB do outro conquista quem gosta de acessórios inteligentes, por exemplo. Sem contar a capa plástica que protege a entrada micro USB. A variedade de capas dá ao usuário interessado também na aparência do dispositivo um celular que vai além do básico, do preto e branco.
A sua bateria apresenta um bom desempenho, é bastante duradoura se você não passa o dia conectado ao 3G ou ao Wi-Fi e ainda escutando música, e carrega rapidamente, bem acima da média, como é o próprio Sony Ericsson Xperia X8.