Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:
Terceiro encontro da juventude da Frelimo
O que se supunha ter lugar, no posto administrativo de Anchilo, no distrito de Nampula-Rapale, era o 3o Encontro Nacional da Juventude do país de Mondlane e Simango. Não passava pela cabeça do mais céptico que Nampula, na verdade, seria palco de um encontro em miniatura do partido Frelimo. Uma espécie do último congresso de má memória para todos os espíritos que amam profundamente a liberdade de expressão.
Ficou claro durante as sessões que do referido encontro da juventude alinhada resultaria muita parra e pouca uva. Aliás, o discurso do presidente do Conselho Nacional da Juventude, Osvaldo Petersburgo, passou ao largo dos reiais problemas dos jovens nacionais. O que é, para discurso de abertura, muita sacanice para uma juventude sem eira nem beira. Sobretudo o enaltecimento gratuito da figura do Chefe de Estado.
Foi, diga-se, o zénite da Xiconhoquice abordar a disponibilização de talhões para jovens que só ele conhece. Quem são esses jovens que receberam talhões nas províncias? Pertersburgo anda preocupado com o consumo excessivo de bebidas alcoólicas e estupefacientes por parte dos jovens do país. E nós que pensávamos que a presença do Chefe de Estado seria aproveitada para revelar de que fibra é feita Valentina Guebuza que virou rica do dia para noite, par falar da falta de habitação, do problema do desemprego e do pendor asinino das nossas instituições de ensino superior. Petersburgo é mesmo um jovem da viragem. Virou tanto que acabou por capotar.
Incentivos fiscais
“Moçambique perde anualmente 164 milhões de dólares devido aos incentivos fiscais. Esse valor, segundo o estudo divulgado pela Action Aid, esta terça-feira (20), em Maputo, cobre a construção de 270 escolas, a contratação de 20 mil professores, o apetrechamento de 974 unidades sanitárias e outras centenas seriam erguidas, se os estímulos aos megaprojectos não fosse penalizador para o Governo e para as comunidades”, lê-se na introdução de um artigo publicado no website deste jornal.
Importa, contudo, deixar claro que o número de escolas é evocado por analogia. Não significa, portanto, que o dinheiro tivesse de ser automaticamente canalizado para tal efeito. Vai este parágrafo para não nos acusarem de pensar pouco e de fazer, também, analogias descabidas. O dinheiro poderia, é bom que se diga, servir para financiar aquela revolução verde que foi brutalmente papagueada no início da liderança de Guebuza. Aquela revolução que viu milho, batata-doce, arroz e tomate morrerem para nascer jatropha que nunca deu combustível nem dinheiro. Portanto, o leque de coisas que poderiam ser impulsionadas com esse desperdício de dinheiro é demasiado.
Xiconhoquice é isso mesmo. Brincar com os anseios da população…
Falta de segurança no batelão
“Oito pessoas, quatro das quais menores de idade, perderam a vida afogadas na noite do último domingo (18), quando a viatura onde se encontravam foi abalroada dentro do batelão, na ponte-cais da Macaneta, no distrito de Marracuene, na província de Maputo, por um minibus desgovernado que tentava entrar na mesma embarcação.
Segundo testemunhas oculares, as vítimas, que se presume sejam da mesma família, regressavam da praia da Macaneta numa viatura de marca Toyota Surf que já estava parqueada dentro do batelão quando o minibus descontrolado embateu na sua traseira e a empurrou para o rio onde se afundou, perante o olhar impotente dos populares que estavam no local e mesmo dos operadores da embarcação.
De acordo com uma testemunha, após a viatura afundar, o batelão abandonou a margem e seguiu a curta viagem para a margem de Marracuene. Não foi feita nenhuma tentativa imediata de salvamento aos afogados”, lê-se igualmente no website deste jornal que o leitor tem em mãos. A notícia não esclarece várias coisas, mas revela uma grande Xiconhoquice. O que é feito das medidas de segurança? É que falar da lentidão da reacção ou do facto de não se ter socorridos as vítimas não adianta. O problema não reside na falta de socorro, mas na criminosa ausência de segurança num batelão.