Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:
1. Falta de carteiras enfurece alunos em Chibuto
A reclamação dos alunos da Escola Secundário de Chibuto, na província de Gaza, faz todo o sentido. A interrupção das aulas é uma acto de cidadania militante. Num país que produz madeiras em quantidades industrias, ter estabelecimentos de ensino sem carteiras, é, convenhamos, uma grande Xiconhoquice. A detenção que resultou dessa recusa que só prestigia os estudantes daquele ponto do país é mais uma Xiconhoquice de grande nível. Deter porquê e para quê?
A Polícia da República de Moçambique, sabemo-lo, é um viveiro de Xiconhoquices, mas nunca pensámos que a mesma fosse restringir os direitos de um grupo de estudantes que reivindica pelos seus direitos. Até porque nenhum dos estudantes de Chibuto tem como apelido o cereal mais consumido no mundo. Ainda que a rubrica incida sobre as Xiconhoquices deste rochedo à beira-mar é sempre bom lembrar o acto heróico dos alunos que exerceram pressão para que os seus três colegas fossem restituídos à liberdade.
O mais estranho no meio desta sacanice é que a direcção daquele recinto escolar encomendou, no ano passado, um determinado número de carteiras para minimizar o problema. Sucede, porém, que, volvido um ano, nem carteira vem e nem carteira vai. O dinheiro, esse, sumiu sem deixar rastos em sede de um Xiconhoquice que nem viu.
Não deixa de ser tremenda e extremamente absurda a explicação do director dos Serviços Distritais da Eduçação, Juventude e Tecnologia quando afirma que a detenção, dos três estudantes, estava relacionada com razões estrangeiras à promessa de carteiras.
2. Edis que não aceitam falar sobre o seu trabalho
Nenhum edil chegou ao poder sem falar com o povo. Aliás, andou no meio do povo e pediu o seu voto. Portanto, não cabe na cabeça de qualquer pessoa com o mínimo de sensatez que um dirigente se furte ao diálogo com a imprensa. Essa falta de respeito, primeiro, pelos munícipes e, segundo, por um órgão que se propôs visitar todas as autarquias antes do arranque do processo de votação não nos parece outra coisa a não ser Xiconhoquice.
Só mesmo por Xiconhiquice é que um edil pode empurrar uma entrevista solicitada por carta e com data marcada com a barriga até esgotar a paciência de um jornalista. É o que tem acontecido um pouco por todo o país. Grande parte dos edis aceitou, de bom grado, falar com o @Verdade. Uma pequena parte, que nem vale a pena mencionar nomes e autarquias, foi adiando o que já estava marcado.
Sucede, porém, que o @Verdade chega aos locais onde as entrevistas com os edis foram recusadas por via de esquemas de desgaste e não vê o seu líder. Quem perde é o povo, mas também fica chamuscada a imagem de um servidor público. O seu comportamento é sempre estranho. Parece-nos que há quem esteja interessado em fazer o @Verdade gastar dinheiro que não tem com essas Xiconhoquices a roçar o insulto.
3. Abandono de recém-nascido
“Um bebé recém-nascido, de apenas um dia de vida, foi, na manhã desta segunda- feira (03), abandonado pela mãe numa lixeira no bairro de Mutauanha, na cidade de Nampula. O acto deu-se por volta das 06 horas e, neste momento, ainda são desconhecidas as causas que levaram a mãe a abandonar a sua filha logo após o parto”, eis os primeiros dos parágrafos de uma Xiconhoquice macabra. A repetição, um pouco por todo o país, de actos deste natureza só dão razão ao jargão popular que reza que “mãe é quem cria”.
Importa imaginar o filme da concepção da gravidez. O que pensou a fulana quando se envolveu sem protecção? Quando foi fazer o pré-natal? Ouvimos sempre dizer que as dores pré-parto constroem laços inquebráveis entre mãe e filho. O que pensou a mulher que atirou uma criança para o lixo? As hipóteses são várias, mas nenhuma é capaz de explicar um acto tão desumano e macabro como este.
Felizmente, por intervenção do acaso, neste episódio triste a recém-nascida foi salva por uma alma caridosa. Neste momento já está a beneficiar de assistência médica numa unidade sanitária de Nampula depois de ter sido descoberta na referida lixeira. A mão benevolente que salvou uma vida que a própria mãe renegou foi de um agente da Polícia.
Segundo a corporação, a mãe da menina chama-se Cília Pascoal, de 19 anos de idade, e é residente no bairro de Mutauanha. Ela encontra-se detida numa das celas da 1ª esquadra da Polícia da República de Moçambique em Nampula, segundo o porta-voz Miguel Bartolomeu.