Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:
FADM e homens armados
Um ponto prévio: o país devia estar livre de homens armados. Isso periga, é bom que se diga, a paz alcançada há 22 anos. Contudo, o maior perigo ao clima de paz que vivemos deriva da forma como o país é dirigido e como a Polícia da República de Moçambique e as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) servem exclusivamente o partido no poder. O assalto à base da Renamo, numa operação conjunta entre as FADM e a Força de Intervenção Rápida, no fim-de-semana passado, constitui uma demonstração inequívoca do espírito belicista de quem dirige o país.
O pior, contudo, é que ficou provado que a ideia de guerra ou de instabilidade política encontra defensores silenciosos nas FADM. Só isso justifica a fuga de informação e a emboscada de que os homens escalados para a acção foram vítimas. No entanto, o que esta Xiconhoquice revela é que as FADM, apesar de armada até aos dentes, anda a brincar em terreno movediço e que desconhece.
No início dos ataques apresentou doentes mentais como autores do ataque contra civis. Agora reivindica a captura de palhotas. O que ficou claro, nos últimos dias, é que as FADM e os homens da Renamo andam a dançar a mesma música do pessoal de ambos os partidos que finge dialogar no Centro de Conferências Joaquim Chissano.
Vandalizaçao de ligações privadas de agua pelo FIPAG
Os fornecedores privados de água estão num braço-de-ferro com o Governo, precisamente com o FIPAG que vandaliza as suas ligações. A decisão, diga-se, é antiga e irreversível. A ideia é afastar os fornecedores privados dos espaços onde a FIPAG opera. Para pressionar as autoridades os fornecedores deixaram de abastecer em algumas zonas residências onde o FIPAG ainda não chegou. Na verdade trata-se de uma retaliação para reconquistar o espaço perdido.
Quem, contudo, sofre no meio da guerra é o cidadão que fica privado do precioso líquido e à mercê da vontade de uns e outros. A forma como o FIPAG vandalizou a rede de distribuição dos operadores privados foi a gota que fez transbordar o copo. Em Nkobe, por exemplo, o fornecimento deixou de ser feito no dia 11 para desespero dos moradores que não têm outra alternativa. Os operadores privados alegam que se trata de uma instrução do Governo.
A grande Xiconhoquice, no meio desta calamidade, é que ninguém informa o pobre cidadão. As ligações dos operadores privados continuam a ser vandalizadas onde o FIPAG coloca os seus tentáculos. Porém, nos lugares onde ainda não chega o fornecimento é impiedosamente cortado.
Sequestros
Os sequestros que acontecem, com inusitada regularidade, são uma espécie de atestado de incompetência da Polícia da República de Moçambique. A mesma, num passado recente, vestiu a capa de artista circense e veio entreter os moçambicanos com uma série de detenções. No entanto, a verdade sempre vem ao de cima e a PRM foi colocada no seu devido lugar: a sarjeta da incompetência.
A nossa Polícia continua impotente e os sequestros continuam a acontecer ao sabor da vontade dos criminosos. As vítimas, diante da impotência da nossa polícia, não colaboram e depois de libertadas preferem engravidar o silêncio enquanto aguardam pela próxima estadia nas mãos dos carcereiros. A rede, diga- se, é grande e, dizem, está bem montada. Antecipa-se às diligências da Polícia exactamente porque começa dentro dela.
No meio de tanto Xiconhoquice há perguntas que é necessário fazer. O dinheiro para resgatar as vítimas é pago de que forma? Em espécie ou via banco? O dinheiro vai para que países? Acreditámos que é fácil descobrir o destino do dinheiro e desmantelar a rede. É que não faz sentido manter Jorge Khalau como homem de confiança quando não conseguimos, de forma alguma, proteger cidadãos nacionais do crime organizado.