Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:
Eleição falhada em Nampula
Há coisas que só acontecem em Moçambique. Não sabemos se é o país que é falhado ou os órgãos eleitorais, mas há uma certeza: Não somos uma país sério, definitivamente! A eleição para edil de Nampula foi anulada no dia da votação, pelo facto de uma candidata não constar dos boletins de voto. Na noite do dia da votação, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) decidiu que a eleição a edil devia ser anulada, mas a dos membros da Assembleia Municipal era válida. Os boletins de votos deviam ser mantidos sem ser contados para que tal decorresse em simultâneo com a da eleição do edil, ora marcada para o dia 01 de Dezembro.
Mais tarde, porque não havia garantias de que os boletins de votos não foram alterados, a CNE não teve outra alternativa senão cancelar igualmente a eleição dos membros da Assembleia Municipal. Como “a culpa não deve morrer solteira”, a responsabilidade pelo erro na impressão dos boletins de voto para a eleição do edil e dos membros da Assembleia Municipal de Nampula foi atribuída à gráfica, na África do Sul. Que grande Xiconhoquice!
Morte de um adolescente na cidade da Beira
A Polícia da República de Moçambique continua a semear o luto nas famílias moçambicanas, numa grotesca violação dos Direitos Humanos. Nesta quarta-feira (27), um adolescente foi atingido por mais de dois tiros, na cabeça e na região do abdómen, na EN6 entre os bairros da Munhava e dos Pioneiros, na cidade da Beira. O rapaz encontrava-se entre centenas de jovens que se revoltaram contra o recrutamento militar compulsivo.
Ao que tudo indica, desde segunda-feira (25), vários jovens com idade para prestarem Serviço Militar Obrigatório estão a ser recrutados compulsivamente por grupos das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e outros agentes militares, à paisana, na cidade da Beira.
Em comunicado, o Ministério da Defesa desmentiu o recrutamento militar compulsivo. “Não constitui verdade que o Ministério da Defesa Nacional ou outras Forças de Defesa e Segurança estão a fazer o recrutamento militar compulsivo para o cumprimento do serviço militar, trata-se de boato visando desacreditar o cumprimento deste dever sagrado para com a pátria pelo jovem”.
Atitude da polícia relativamente a partidos da oposição
Não há dúvidas de que a Polícia moçambicana manchou as eleições autárquicas realizadas no dia 20 de Novembro nos 53 municípios do país, protagonizando actos de violência contra cidadãos indefesos. Diga-se de passagem, nunca antes se assistiu a tanta xiconhoquices como as do último pleito eleitoral. Além de prenderem os delegados de mesa dos partidos da oposição, as Forças de Intervenção Rápida tiraram a vida a dezenas de moçambicanos.
A título de exemplo, em Mocuba, a FIR assassinou a tiro um cidadão que fazia parte de uma multidão que ia ao Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) exigir a publicação dos resultados, numa altura em que a contagem dos votos dava vitória ao MDM e ao seu candidato.
Em Quelimane, a Polícia baleou mortalmente um jovem que estava na “caravana da vitória” de Manuel de Araújo. O facto deu-se quando a longa caravana que estava a fazer uma passeata em Quelimane a saudar a vitória de Manuel de Araújo passou em frente da casa do governador da Zambézia, que é membro da Frelimo.