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Vítimas de abusos sexuais criticam pontificado do Bento 16

O papa Bento 16 deixa o cargo sem ter conseguido acabar com os abusos sexuais de clérigos contra menores, nem com a cultura de sigilo que alimentou o escândalo, disseram, Segunda-feira (11), os grupos que representam algumas das vítimas.

A entidade norte-americana Responsabilidade Episcopal disse que o papa, a despeito dos frequentes pedidos de perdão pelos abusos, não tomou medidas eficazes para corrigir o “mal incalculável” infligido a centenas de milhares de crianças assediadas por padres e bispos.

“As palavras de Bento soam vazias. Ele falava como um transeunte chocado, como se tivesse acabado de tropeçar na crise dos abusos”, disse em nota Anne Barrett Doyle, co-directora do grupo.

O escândalo de pedofilia na Igreja Católica estourou bem antes de o então cardeal Joseph Ratzinger ser eleito papa, em 2005, mas ofuscou o seu pontificado desde o início, à medida que novos casos continuaram a vir à tona em todo o mundo.

Centenas de vítimas vieram a público com devastadores relatos sobre abusos sofridos nas mãos de padres, em alguns casos por anos a fio, causando graves danos psicológicos.

Pouco antes de assumir o cargo, Ratzinger falou em limpar a “sujidade” da Igreja, e posteriormente manifestou “profundo remorso” pelos danos. Mas o choque sentido em todo o mundo católico contribuiu para uma constante sangria dos seus membros.

“Ele falou publicamente sobre a crise mais do que o seu antecessor, mas isso por si só não é nenhum feito”, disse em nota a entidade SNAP, que também defende vítimas dos abusos.

“Isso é simplesmente porque as revelações de um acobertamento nos mais altos escalões tornaram-se amplamente documentadas durante o seu pontificado”.

Os críticos mais ferozes acusam Bento 16 de cumplicidade directa com o acobertamento, para proteger a imagem da Igreja.

“Essa renúncia não poderia vir na melhor hora, e deveria ser seguida pela renúncia da maior parte da hierarquia da Igreja Católica Romana”, disse o activista Ray Mouton, autor do romance “In God’s House” (“Na Casa de Deus”), que aborda o tema dos abusos.

Como chefe da Congregação para a Doutrina da Fé, antes da sua ascensão a papa sob o nome de Bento 16, o cardeal Ratzinger era responsável por investigar casos de abusos sexuais e por formular a resposta da Igreja a uma crise que vinha se formando desde 1981.

Ele ascendeu ao topo da hierarquia católica logo depois de a sua Congregação receber cerca de 3.000 denúncias de abusos nos anos de 2003 e 2004.

O escândalo continuou ao longo do pontificado desse religioso conservador. Ainda no mês passado, o cardeal Roger Mahony, ex-arcebispo de Los Angeles, foi privado de todas as suas atribuições públicas e administrativas após a divulgação de milhares de páginas de documentos detalhando abusos.

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