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Vírus H1N1 pode sofrer mutação em pacientes vulneráveis

Pacientes imunodeprimidos podem desenvolver rapidamente infecções pelo vírus H1N1 capazes de resistir a todas as drogas, disseram médicos da Holanda na quarta-feira. O caso de um menino de 5 anos que sofria de leucemia e morreu de gripe suína após uma mutação do vírus no seu organismo mostra que pessoas com sistemas imunológicos enfraquecidos podem correr maior risco de desenvolver infecções perigosas, resistentes a drogas, e ilustra o risco do uso das atuais drogas para tratar esses pacientes, segundo os pesquisadores.

No caso desse menino, o vírus passou a resistir a todas as três drogas aprovadas para o tratamento da gripe H1N1, ou gripe suína, segundo a carta remetida pela equipe de Charles Boucher, do Centro Médico da Universidade Erasmo, em Roterdã, para a revista New England Journal of Medicine. “A atual formulação das duas drogas que temos possui um problema intrínseco de resistência. Mutações individuais são suficientes para que o vírus se torne resistente”, disse Boucher em entrevista telefônica.

É uma situação delicada para os médicos, orientados a rapidamente usarem essas drogas em pacientes de câncer, considerados mais vulneráveis à gripe. O menino citado na carta estava sendo preparado para um transplante de medula óssea, um tratamento agressivo, que exige a destruição prévia do sistema imunológico do paciente.

Ao adoecer, ele foi tratado com o antiviral Tamiflu, cujo nome genérico é oseltamivir. Quando a droga parecia ter eliminado o vírus, o transplante de medula óssea foi realizado. Mas então a gripe reapareceu, escreveram Boucher e seus colegas. Os médicos então tentaram o tratamento intravenoso com zanamivir, nome genérico do Relenza. O menino recuperou-se e chegou a ter alta, mas 19 dias depois foi internado novamente com sintomas de gripe.

Dessa vez, o Relenza não funcionou, e o menino morreu três meses depois, em março. Exames laboratoriais mostraram que o vírus no organismo do menino era resistente também ao peramivir, uma droga experimental da mesma classe do Relenza e do Tamiflu, que havia sido aprovada para tratamento intravenoso emergencial durante a recém-encerrada pandemia.

Este mês, outros pesquisadores relataram que uma mulher de Cingapura desenvolveu resistência ao Tamiflu em 48 horas. Em março, médicos dos Estados Unidos haviam relatado dois outros casos de resistência ao Tamiflu, ambos de pacientes imunodeprimidos. Num dos casos, houve resistência também ao peramivir. Em ambos, o Relenza funcionou. “No ambiente normal, o sistema imunológico ajuda a evitar o crescimento de vírus resistentes a drogas”, disse Boucher. “Na ausência de um sistema imunológico, pode haver um ligeiro aumento do risco.”

A maioria das cepas de vírus de gripes já é resistente a dois medicamentos mais antigos, amantadine e rimantadine.

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