Um funcionário negro de um centro de assistência que foi baleado pela polícia na cidade de North Miami, no Estado norte-americano da Flórida, disse estar mais preocupado com o seu paciente autista do que consigo mesmo antes de sentir o impacto de uma bala na perna.
Na quarta-feira o terapeuta comportamental Charles Kinsey contou ao canal WSVN-TV de Miami que tentava acalmar o paciente, que havia fugido do centro na segunda-feira, quando a polícia chegou.
Kinsey estava de costas com as mãos ao alto em obediência às ordens dos policiais, que, de acordo com um comunicado da polícia, respondiam a uma chamada telefónica a respeito de um homem armado que ameaçava suicidar-se.
“Enquanto estiver com as mãos ao alto, eles não irão atirar em mim. É isso que eu penso”, contou Kinsey numa entrevista na sua cama de hospital na quarta-feira. “Uau, como estava errado”.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, disse nesta quinta-feira que o Departamento de Justiça está a recolher informações sobre o incidente, o mais recente de uma série envolvendo policiais que dispararam contra negros no país.
Kinsey afirmou ter dito à polícia que não estava armado e que não havia necessidade de se usar armas, e disse à WSVN-TV que manteve as mãos erguidas durante todo o tempo e que perguntou ao policial ‘senhor, por que atirou em mim?'”. “Ele disse ‘não sei'”, contou Kinsey.
O polícia, que não foi identificado, está afastado, um procedimento padrão, disse o departamento. Imagens de celular mostrando Kinsey com as mãos para o alto antes de o policial abrir fogo foram parar na internet ainda na quarta-feira, despertando nova revolta. O disparo em si não foi gravado.