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‘@Verdade EDITORIAL: Intolerantes

Na semana passada, indivíduos alegadamente sem habilidades nem vontade nenhuma para conviver ao lado dos outros, reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões entre as pessoas, deitaram por terra 13 casas na localidade de Malamba, no distrito de Massinga, na província de Inhambane, deixando dezenas de pessoas expostas a intempéries. Fala-se de mais de uma centena de indivíduos que perpetrou tais actos.

É difícil acreditar que seres humanos com escrúpulos tenham tido tamanha coragem para se mobilizarem uns aos outros com vista a, deliberadamente, desgraçar famílias que ergueram as residências em causa com bastante sacrifício. E tudo isso por ódio em relação ao próximo e devido à intolerância, talvez política. Este é um mal que de há tempos para cá se fecunda nas mentes de determinado indivíduos e até de dirigentes ou membros seniores de certos partidos. Trata-se de um “statu quo” que deve acabar.

Verdade ou não que houve motivações políticas para a ocorrência deste repugnável incidente, as pessoas devem ser educadas no sentido de respeitarem, incondicionalmente, o que é do outro. E quando o assunto é política, é preciso que os partidos instruam os seus membros e simpatizantes a não estorvarem as preferências e opiniões diversas. E que tipo de democracia se pretende construir num país onde a intolerância social e política em relação à oposição ou a instigação ao ódio tendem a ser algo normal? Reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões de outras pessoas fazem parte de uma boa educação que parte da família.

Nas horas de paz ou de tensão, compete a cada um de nós saber ser transigente e criar uma ordem social e política dentro dos padrões aceitáveis de coexistência humana. Independentemente do lugar onde quer que cada moçambicano esteja, Moçambique é de todos nós, o que, desde já, nos inibe de distratar os nossos semelhantes. Não podemos, nunca, neste momento, cair no erro de pretendermos viver numa democracia em que opiniões contrárias são reprimidas. E todos aqueles que pensam o contrário disto deviam ser veementemente combatidos.

A intolerância, seja ela de que espécie for, deve ser reprimida para se evitar actos de vandalismo e desacatos como os que vimos em Malamba, que pelos piores motivos nos recordam alguns cenários de vida da Idade Medieval. Pessoas da mesma nação ou de qualquer outra parte do mundo não se podem desgraçar umas às outras por causa de motivos inconfessos, discriminação e ódio.

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