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‘@Verdade EDITORIAL: EDM, o mau servidor

Nas últimas duas semanas, os citadinos de Maputo e da Matola, sobretudo das zonas periféricas, andaram com os nervos em franja devido a interrupções contínuas e estonteantes do fornecimento de energia eléctrica por parte da Electricidade de Moçambique (EDM). Na verdade, já devíamos estar habituados aos percalços decorrentes deste problema, mas nunca nos acostumamos. A razão é óbvia: as nossas vidas estão dependentes dos serviços de que por largas horas ficámos desprovidos. Isto não nos surpreende tão-pouco, dado que esta companhia pública e monopolista sempre se mostrou incompetente no que que à provisão destes serviços diz respeito.

A par de outras firmas, a EDM, por sinal dirigida por um dito cujo que é, simultaneamente, Bastonário da Ordem dos Engenheiros, pouco ou mal entende que o serviço público é um bem indisponível e deve ser prestado como tal de forma contínua. Não há princípio de eficácia neste país e o pior é que a companhia a que nos referimos age, por vezes, como se não tivesse compromisso com o público.

Ficou claro que a interrupção da corrente eléctrica na rede de distribuição foi acidental, o que pode ter derivado de falhas na instalação do equipamento ou de uma avaria. Tal como no passado, nós estávamos abertos para ouvir justificações relacionadas com estes problemas ou outra desculpa do tipo fomos submetidos a todo o calvário que se possa imaginar para dar lugar a obras de manutenção dos postos de transformação ou em alguma subestação.

Todavia, quando pensávamos que relativamente aos cortes persistentes de corrente eléctrica tínhamos ouvido um pouco de todas as desculpas da EDM – desde a mudança de equipamentos obsoletos por novos para assegurar que haja energia com qualidade à montagem de aparelhos com maior potência – eis que esta empresa nos surpreendeu com pretextos esfarrapados, segundo os quais o apagão foi causado pelo nevoeiro e pela poeira. Ouvimos, repetidamente, estas alegações, de que não estávamos à espera, e ficámos boquiabertos. Além de falta de respeito para connosco, esta firma mente que se farta! Porque nos tomam por parvos, afinal?

As consequências resultantes destas situações foram desde a falta de água, passaram pela deterioração de produtos frescos até desembocarem na limitação do funcionamento de algumas unidades sanitárias e estabelecimentos de ensino. Batam palmas e abram as alas, pois a incompetência técnica da EDM está na dianteira! Esta é uma daquelas empresas que desrespeita, maltrata e humilha os seus clientes.

E num país como o nosso, onde os serviços e produtos não funcionam ou não são fornecidos devidamente, não devíamos esperar outra coisa. E o pior de tudo isso ainda é que não temos onde nos queixarmos. Temos sido constantemente injustiçados. Além de termos uma lei de consumidor cosmética, a figura de Provedor da Justiça é totalmente ausente nestes casos. Que o digam aqueles que em virtude dos crónicos cortes ou das oscilações de energia perderam bens e para serem ressarcidos tiveram de travar uma batalha hercúlea. Isto para não falar daqueles cujo direito de compensação não passou de uma miragem… Estamos em campanha eleitoral. Que venham os políticos caçar votos com recurso a esta nossa desgraça, prometendo-nos um serviço melhor.

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