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Verdade Cor de Rosa – Não comi “peixe com legumes”

Desde segunda-feira que combinávamos a virada de terça para quarta. Íamos curtir até as urnas abrirem, porque queríamos votar. Concentrámo-nos no Mundo’s, em Maputo, com as crianças e uma mesa longa, cheia de caipirinhas e opiniões! Aposto que éramos um dos poucos grupos de mulheres que – naquele espaço – estava verdadeiramente a abraçar a causa da cidadania.

E todas estávamos decididas a votar e a marcar uma história tão recente num país que é nosso, e onde muitas de nós já nasceram em período independente. A verdade tem sido “cor-de-rosa” para alguns, cujos pais fizeram sonhar em períodos tão difíceis como os anos noventa. Esforçaram-se para que tivéssemos a melhor educação do mundo e muitas vezes sacrificaram-se ao enviarem os filhos para a África do Sul, Portugal, Brasil, Inglaterra… almejando um futuro melhor.

Muitos encararam isso como uma experiência – boa – e estão preparados. Outros, mudaram de time e passaram a falar inglês ao mesmo tempo que entoavam os rituais da Libertação Nacional. Estranho para mim. Mesmo assim, tem sido interessante acompanhar este processo eleitoral. Pela primeira vez senti que já sou da terra e que posso opinar sobre a realidade onde vivo. Observei também que o início de uma terceira força política gerou questões, discussões e reflexões para quem estava habituado a comer sempre “peixe com legumes”. Não por convicção ou por obrigação, mas por ser confortável.

Em vários jantares e “gets” em casa de amigos discutiam-se de forma acesa e sem medo as opções partidárias e ideologias políticas de cada um – sem medo. Este é um momento importante para a nossa geração. Somos nós que vamos decidir o futuro da nossa terra. Somos nós que deixámos de ser os filhinhos dos papás e vamos olhar para o vizinho do lado com mais consciência.

Para os caniços e as crianças que deambulam na rua com mais humanidade. Não porque está na moda, mas porque é um assunto premente. Basta olharmos para os 50% do nível de iliteracia (dados verdadeiros, mas não actualizados). Desta vez talvez sejamos a maioria na tomada de decisão para os próximos anos e vamos lá ter consciência disso! Uma consciência política e coerente sem entrar em fundamentalismos, nem sectarismos. Somos todos diferentes mas com uma única nacionalidade.

A moçambicana. Vestir a camisola também é ir às urnas e é o que vou fazer quando terminar este devaneio. Uma crónica de uma mulher para tod@s e especialmente para nós que, pela cobertura televisiva, acedemos em massa às urnas. Esta é a nossa História, vamos agarrarnos a ela!

Warethwa

Um bem-haja

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