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Verdade Cor de Rosa – Mas que pandzeira!

Sempre gostei de cultivar o meu lado urbano de cada cidade que visito. Desde as músicas às exposições, locais de culto para se “curtir” e restaurantes onde a cozinha de fusão faz parte da ementa. Em Maputo – o sítio que escolhi para viver – não foi difícil percorrer a “kultura” urbana e, facilmente, deixei-me levar pelos sons electrónicos que estavam a “bater” , no grande Verão de 2005.

E é de música electrónica a que me proponho falar hoje, ou seja, o Pandza e a Dzukuta que tanto nos fazem rebolar no verdadeiro cliché “do Rovuma ao Maputo” mas, aqui para os lados do Sul, de uma forma mais premente. Ou não fosse a língua em que se canta o denominador comum para chegar ao êxtase com estas melodias.

Gosto de ouvir Pandza, confesso, e raras são as vezes em que o meu pé não bate e a cintura não remexe quando ao longe sinto a guitarrada do “Teresinha Você” ou mesmo o “Beijo só”. Se me pedirem para cantar sou capaz de arrastar a letras quase de cor e não vacilo quando me desafiam para um “senta-abaixo”.

Foi com esse espírito que fui, na passada sexta-feira, à maior discoteca de Maputo para celebrar os cinco anos da Pandza e Dzukuta. Um espetáculo que anunciava os criadores desta nova batida musical que já lançou vários artistas, carros novos, fofocas, life style, endorsements milionários com operadoras móveis e toda uma “kultura” pseudo- americana que faz bem à vista e aos ouvidos! Até aí tudo bem. Anima encontrar um espaço cheio de gente à espera de celebrar este acontecimento com os seus artistas preferidos.

Nessa noite tive de optar entre continuar no concerto acústico do grande Chico António e as batidas playback da Dzukuta. E em segundos lá estava eu, em frente ao palco, desejosa que anunciassem o line up da noite mais importante da música emergente moçambicana. Esperei… esperei… ou aliás, esperámos eu e aquela multidão de gente que saiu de láááááá… longe para este que prometia ser um grande aniversário! O que supostamente começaria às 23h…. 1 hora da manhã, no máximo arrastou- se até às 3h30 quando um grupo de novatos, “Os Novatos” apresentou-se em palco numa mescla dos meus queridos Mozdance com o Pandza anunciado.

Não estiveram mal e provaram, bem como todos os outros dançarinos, que sexta-feira é mesmo a noite do Homem! Bateram as mulheres a dançar! A noite foi ficando quente e, à medida que iam aparecendo as estrelas, o sono ia chegando já que o alinhamento não respeitou o objectivo da “banga”. A emoção do Pandza era cortada com batidas R&B e Hip-hop dos cantores convidados, o que baralhava o ouvido de quem queria assistir a festa da grossa, melhor que aquela dos casamentos – já que era “ao vivo” – eles estavam mesmo ali!

As linhas estão a acabar e eu que tinha tanto para dizer… Gostei da ideia, mas houve certas nuances desnecessárias. Fofocas são boas, todos sabemos, mas respeito também é bom. Olhar para o apresentador de um espetáculo a dar a notícia de uma forma ‘jocosa’ da prisão de um dos percurssores da música de fusão moçambicana, não anima. Não anima também ficar de pé até às 5h30 da manhã à espera da atracção da noite e assistir a uma pandza total – descontrole – daqueles que tanto gostamos de ouvir e assumir como a nossa música.

Como apreciadora de Dzukuta deixo aqui o repto para que haja mais respeito pelos timmings verbais e por nós os vossos fãs! Senão vamos acabar numa pandzeira total! Um bem haja.

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