Tinhas um jeito especial. Divertido, comunicativo e carinhoso… Conhecemo-nos numas das sãs caminhadas que fazias pela Julius Nyerere. Acho que eu acabava de chegar. O teu sotaque do “norte” de Portugal aproximou-me de ti! Afinal eras da “Póboa” do Varzim carago! Dizem que o “pessoal” nortenho é mais simpático que os “mouros” e conseguiste comprovar isso.
Curtimos vários momentos juntos que eram partilhados sempre nas noites de Maputo! Com os anos os encontros eram mais escassos, devido aos afazeres profissionais. As noites substituíram os dias! Era ‘nice’ ouvir os teus conselhos sobre as minhas direcções jornalísticas e até cogitámos um suplemento da ‘night’. O teu lado voluntarioso era visível, não precisavas de falar. Sempre que nos viam juntos perguntavam-me se te conhecia, já que – pelo trabalho que fazias – tinhas outro lado bem diferente. Decidido e responsável, numa empresa onde deste o teu melhor até sermos obrigados a dizer-te Adeus…
Não me vou esquecer daquela manhã de Domingo em que acordei com a notícia do teu desaparecimento. Não consegui levantar-me durante uma hora e vieram-me à cabeça todos os “Adeus” que tive de dizer desde que começou 2010. Há tempos escrevi numa crónica que esperava que esta nova década espalhasse coisas boas. Não está a acontecer. As “más novas” têm superado as “boas novas” e por todo o Universo perdemos aqueles que gostamos. Sei que esta crónica está pouco convencional mas, se me estiveres a ler, vais juntar-te a mim nesta luta infinita contra uma das únicas coisas na vida em que não temos controlo: a perda física de quem gostamos. É difícil lidar com isso e todos os dias lembro-me sempre de algumas pessoas que me fazem falta, pelo amor, pelos conselhos, pelos sorrisos, pelos momentos…
Uma falta imensa e dura, mas que se perpetua em nós para sempre começando a fazer parte da nossa existência. Acredito que cada um de nós tem uma missão. E todos vocês cumpriram a vossa. Por isso talvez esteja aqui a ‘rabiscar’ sentimentos individuais e que não se comparam. Um bem-haja para todos aqueles que já não estão entre nós… *Esta não é uma Verdade Cor-de-Rosa mas é, por vezes, a nossa verdade.