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Venezuelanos em luto acompanham cortejo fúnebre de Chávez em Caracas

Chorando e gritando, um mar de partidários de Hugo Chávez acompanhou o seu cortejo fúnebre pelas ruas de Caracas nesta quarta-feira, numa correnteza de emoção que aliados esperam que ajudará seu vice a vencer uma eleição nas próximas semanas e manter viva a sua revolução socialista. Dezenas de milhares de “chavistas” marcharam atrás do caixão do presidente, envolto na bandeira nacional azul, vermelha e amarela da Venezuela.

Muitos choravam enquanto soldados com boinas vermelhas carregavam o seu caixão pelo centro de Caracas e autofalantes tocavam canções cantadas por Chávez.

Avenidas foram tomadas por cânticos de “Chávez vive! A luta continua!”, enquanto simpatizantes jogavam flores sobre o caixão e se acotovelavam para tocá-lo. Alguns seguravam cartazes em formato de coração com a mensagem: “Amo Chávez!”. Outros aplaudiram desde telhados, agitando camisetes.

Encerrando um dos regimes populistas mais notáveis da América Latina, Chávez morreu na terça-feira, aos 58 anos, depois de uma batalha de quase dois anos contra o cancro que foi detectado na região pélvica.

O seu corpo foi levado para uma academia militar nesta quarta-feira, onde ficará até o funeral de sexta-feira.

O futuro das políticas esquerdistas de Chávez, que ganhou a adoração dos venezuelanos pobres, mas enfureceu adversários que o acusavam de ditador, agora recai sobre os ombros do vice-presidente Nicolás Maduro, o homem indicado por Chávez para sucedê-lo.

“Na imensa dor dessa tragédia histórica, que tem afetado a nossa pátria, apelamos a todos os compatriotas para estarem vigilantes pela paz, amor, respeito e tranquilidade”, disse Maduro. “Nós pedimos que o nosso povo canalize essa dor em paz.”

Maduro, de 50 anos, ex-motorista de autocarros e líder sindical, provavelmente enfrentará o governador de oposição Henrique Capriles na próxima eleição presidencial.

Uma recente pesquisa de opinião mostrou uma forte liderança de Maduro sobre Capriles, em parte porque ele recebeu a bênção de Chávez como seu herdeiro, e é provável que ele se beneficie da onda de emoção após a morte do presidente. Autoridades disseram que a votação seria convocada dentro de 30 dias, mas não estava claro se isso significava que seria realizada dentro de 30 dias ou apenas se a data será anunciada nesse período. Há muita coisa em jogo para a região devido à ajuda económica crucial e o combustível barato que o governo Chávez fornece aos aliados em toda a América Latina e Caribe.

O alto e bigodudo Maduro era um aliado próximo de Chávez há muito tempo. Ele imediatamente prometeu continuar o seu legado e não deve fazer grandes mudanças políticas logo. Maduro agora vai se concentrar em reunir apoio da diversa coalizão de Chávez, que inclui ideólogos de esquerda, líderes empresariais e grupos armados radicais chamados de “coletivos”.

Alguns têm sugerido que ele poderia tentar aliviar as tensões com investidores e o governo dos Estados Unidos, embora, horas antes da morte de Chávez, Maduro tenha afirmado que os “imperialistas” inimigos tinham infectado o presidente com o cancro como parte de uma série de conspirações com os adversários internos.

Uma vitória de Capriles traria profundas mudanças à Venezuela e seria bem recebida por grupos empresariais e investidores estrangeiros, embora seja provável que ele agisse de forma cautelosa para reduzir o risco de violência e instabilidade política. “Não é hora de salientar o que nos separa”, disse Capriles em nota na noite de terça-feira, em que pediu união e respeito pelo luto dos chavistas. “Há milhares, talvez milhões de venezuelanos que estão se perguntando o que irá acontecer, que até sentem medo… Não se assustem, não fiquem ansiosos. Entre todos nós, vamos garantir a paz que este amado país merece.”

ALIADOS

Comandantes militares rapidamente juraram lealdade a Maduro, que será o presidente interino até a eleição. O ministro da Defesa, Diego Morales, disse que uma salva de 21 tiros de canhão em homenagem a Chávez foi disparada nesta quarta-feira. Não estava claro onde Chávez seria enterrado.

Ele tinha ordenado a construção de um novo mausoléu no centro de Caracas para os restos mortais do herói da independência Simon Bolívar, a sua inspiração, e o prédio deve estar terminado em breve. Alguns aliados já estão a dizer que ele deverá ser enterrado lá.

“Ao panteão!” gritavam os partidários de Chávez durante a parada nesta quarta-feira, que foi liderada por Maduro bem à frente do cortejo. O influente parlamentar “chavista” Freddy Bernal disse que Chávez deveria ser posto para descansar ali, também: “Por seu brilhantismo político e compromisso com o país, o comandante Chávez mereceu seu lugar ao lado do libertador Simon Bolívar no panteão”.

Apesar do tumulto em torno da procissão fúnebre, grande parte de Caracas estava tranquila, com ruas desertas, especialmente em bairros mais ricos. Muitas lojas fecharam as portas com medo de saques. Havia longas filas nos postos de gasolina.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, juntou-se a Maduro na frente da procissão. Os presidentes de Argentina e do Uruguai também chegaram para o funeral, disse a mídia estatal. Condolências chegaram de todo o mundo, do Vaticano e da Organização das Nações Unidas (ONU) aos aliados, como Irão e Cuba. O presidente sírio, Bashar al-Assad, lamentou a morte de Chávez como uma grande perda, exaltando sua oposição à “guerra contra a Síria.”

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi menos efusivo sobre um homem que colocou seu país em desacordo com Washington, dizendo que seu governo estava interessado em “desenvolver um relacionamento construtivo com o governo venezuelano.” Num gesto potencialmente conciliatório, os Estados Unidos devem enviar uma delegação ao funeral. A oposição esperava um recomeço das relações.

Chávez governou a Venezuela por 14 anos e foi reeleito por ampla margem para mais seis anos em outubro, derrotando Capriles. Não chegou, no entanto, a tomar posse nesse novo mandato, que começou oficialmente em 10 de janeiro. O governo declarou sete dias de luto nacional

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