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Venezuela combate escassez alimentar com polémico cartão de compras

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, lançou um polémico cartão de compras para combater a escassez alimentar no país, considerado por críticos uma iniciativa ao estilo cubano que ilustra o fracasso das políticas socialistas do governo.

Maduro, sucessor de Hugo Chávez, propagandeou o novo cartão “Suprimento Seguro de Comida”, que estabelece limites de compras como maneira de impedir compradores de armazenar gêneros alimentícios subsidiados e revendê-los. Alguns venezuelanos vendem alimentos subsidiados de revendedores estatais com grande lucro no mercado negro ou na fronteira com a Colômbia.

“Se há escassez, precisa haver racionamento para que tenhamos todos os produtos que precisamos”, disse a médica Yusmery Palacios, de 36 anos, numa fila de um supermercado do governo em Caracas.

“É uma medida que vai nos ajudar. Muitas pessoas compram aqui para revender mais caro”, disse ela. Outras pessoas na fila concordaram, mas simpatizantes da oposição afirmam que o cartão é uma cópia das cadernetas de racionamento cubanas – um sinal deprimente da penúria econômica e do que chamam de influência “Castro-comunista” na Venezuela.

“Não ao pacote cubano!”, disse a líder opositora Maria Corina Machado, que frequentemente pinta o governo Maduro como submisso à influência do presidente cubano, Raúl Castro. Os críticos afirmam que o cartão não ataca a raiz da escassez na Venezuela: a falta de uma moeda forte para importações, portos que funcionam mal e preços absurdamente baixos para alimentos subsidiados.

As autoridades detalharam como o cartão irá limitar as compras, dizendo de maneira genérica que querem evitar “compras constantes” e que irão instalar leitores de digital nos caixas para acompanhar os suprimentos. Actualmente, os compradores formam longas filas para comprar cotas de alimentos subsidiados – dois quilos de leite em pó, quatro de açúcar, dois de arroz e assim por diante.

Guardas uniformizados verificam as sacolas na saída. Mas nada impede que os clientes voltem à fila para comprar os mesmos produtos novamente. O governo está encorajando as pessoas a adotar o novo cartão, que é voluntário, rifando casas construídas pelo Estado e carros novos montados com ajuda de tecnologia chinesa.

“Estes sistemas são para proteger contra o contrabando, para que tudo isso realmente chegue às pessoas”, disse Maduro ao revelar o cartão em março. Ele é azul, amarelo e vermelho – as cores da bandeira venezuelana.

“Todo mês vamos sortear, sei lá, 500 apartamentos e talvez 500 veículos, bónus especiais, pacotes de férias”, gritou um Maduro eufórico diante de uma plateia vibrante. A escassez de alimentos e outros produtos motivou em parte os três meses de protestos que pedem a renúncia de Maduro, e que deixaram dezenas de mortos.

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