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Valentina Guebuza estava armada e questiona-se por que motivo Zófimo Muiuane a acusa de se ter baleado

Zófimo Muiuane assassinou Valentina Guebuza

Os peritos da criminalística ouvidos esta quarta-feira (27) pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo (TJCM), no âmbito do processo-crime número 01/2017/10ª Secção, no qual Zófimo Muiuane é acusado de matar a tiros a sua esposa Valentina Guebuza, disseram que no momento em que ela o marido se dirigiram ao quarto, para uma suposta conversa, segundo as legações do indiciado, trazia consigo, na sua bolsa, uma arma de fogo do tipo pistola, o que desvaloriza e deita por terra os argumentos (em prantos) do viúvo, segundo os quais foi desarmado de trás pela vítima e escapou da morte por um triz.

Munis Macuiane, de 46 anos de idade, é perito em balística forense. Ele pôs-se à vontade na cadeira em frente da juíza Flávia Mondlane e, conforme a pergunta desta, admitiu que fez parte da inspeccão feita à casa da malograda, bem como da reinspeccão, depois de duas semanas.

De acordo com o especialista, o suposto assassino da Valentina Guebuza – filha do ex-Presidente da República, Armando Guebuza – estava a uma distância de cerca de três metros em relação à vítima.

Valentina Guebuza encontrou a morte na noite de 14 de Dezembro de 2016, na sua casa, onde o casal vivia com o seu ofensor, que já se declarou inocente, injustiçado e defendeu, de pés juntos, que não a matou.

Relativamente às declarações de Zófimo Muiuane, que dão conta de que após deixar o casaco algures no quarto onde houve a confusão que acabou a tragédia, num ápice Valentina tirou-lhe (de trás) a pistola que estava no coldre, do lado esquerdo da cintura e apontou-lhe ordenando que abandonasse a sua casa, Munis Macuiane considerou que tal faz muito pouco sentido.

Segundo ele, se a vítima encontrava-se atrás do réu, estava em vantagem para disparar pelas costas. E questionou, desacreditando o arguido, qual era a razão de Valentina Guebuza, estando armada com uma pistola de marca Brown, calibre 6.32 milímetros, ter se dado o trabalho de ainda desarmar o marido, “manipular a arma e alimentá-la e disparar” se podia usar a que trazia na bolsa.

“Nós dissemos (no relatório que consta dos autos do tribunal) que era inconcebível” a vítima ter disparado contra Zófimo Muiuane, disse o especialista, clarificando que no local do crime foram encontradas dois carregadores com capacidade de levar 12 munições cada. O primeiro tinha 10 balas e o segundo 11.

Na primeira audiência do julgamento em curso, a 18 de Dezembro prestes a findar, o arguido contou que, no instante em que se apercebeu de que a sua vida corria perigo, “um instinto levou-me a pegar nas mãos dela (a esposa) e comecei a gritar amorzão… amorzão… O que se passa? Ela continuou a gritar: “sai da minha casa ou eu mato-te”. Senti uma força anormal nela quando segurei os braços e foi quando percebi que não estava a brincar”, o que levou a uma disputa pela armas de fogo. Zófimo afirmou que tentou imobilizar Valentina e sustê-la para que o pior não acontecesse.

Todavia, tal como as declarações dos peritos da medicina legal, semana finda, Munis Macuiane colocou em causa a validade do que Zófimo disse e sublinhou que a probabilidade de a vítima ter premido o gatilho – ainda mais com o cano virado para si – é bastante menor.

Ademais, se se admitir que ela disparou contra si mesma, após ser alvejada a primeira vez, dificilmente efectuaria o segundo disparo, mesmo tratando-se de um acto premeditado de suicídio.

Num outro desenvolvimento, o perito esclareceu ao tribunal que, baseando-se no depoimento do réu, segundo o qual durante a disputa pela posse da arma as suas mão estavam sobre as da malograda, se acreditarmos que realizou o primeiro tiro, ela ficaria imobilizada e a tendência seria de lagar a arma.

É inconcebível que Valentina tenha efectuado o primeiro tiro, segundo o perito, porque antes de se ouvir o som produzido pelo disparo, o alvo é atingido.

A pessoa que disparou mortalmente contra a filha de Guebuza usou a arma de fogo foi o último recurso depois uma disputa renhida (…). “A vítima apresentava escoriações na testa”. O que Munis Macuiane disse foi igualmente secundado pelo seu colega José Guardagere, de 34 anos de idade e técnico de criminalística.

Não se examinou a roupa da vítima

Diogos Munguambe, de 36 anos de idade, é perito em biologia criminal. Segundo ele, o vestuário da vítima não foi examinado porque estava conservado num saco plástico, o que permitiu a multiplicação da população bacteriana.

“É Essencial observar”, os passou de recolha, conservação e encaminhamento desse material para que não altere as condições que permitem identificar a vítima e o criminoso, explicou ele, esclarecendo que o seu laboratório só recebeu as roupas da Valentina volvidas duas semanas.

Diante da dificuldade para se afectuar as análises a roupa, o solicitante do exame foi orientado a encaminhar o material para um laboratório de maior capacidade. “Ainda hoje se pode fazer os exames mas se as condições de conservação forem as mesmas encontradas anteriormente, esse exame poderá ser feito com muitas dificuldades”.

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