A Vale, maior produtora global de minério de ferro, que explora minas de carvão mineral em Moçambique, teve prejuízo de 1,4 biliões de dólares norte-americanos entre Julho e Setembro deste ano, contra lucro de 3,3 biliões de dólares norte-americanos no mesmo período de 2013, num trimestre duramente impactado pela queda do preço da matéria-prima do aço e por perdas cambiais. No 2º semestre deste ano a Vale Moçambique, subsidiária do grupo brasileiro, anunciou ter registado prejuízos operacionais, apesar de ter aumentado o volume de vendas de carvão.
O resultado surpreendeu muitos especialistas, que esperavam queda acentuada no lucro, pelo forte recuo do preço do minério de ferro, mas não prejuízo, decorrente principalmente do impacto não caixa de variações cambiais e perdas monetárias em dívidas e derivativos. As ações da mineradora tombaram para a menor cotação desde Abril de 2009, com alguns analistas preocupados com uma eventual redução de pagamentos de dividendos em uma nova era de preços mais baixos do minério de ferro, em meio ao grande crescimento da produção na Austrália e um ritmo menor da demanda na China.
O presidente-executivo da Vale, Murilo Ferreira, tratou de tentar tranquilizar os investidores, destacando que a mineradora continuará prudente em termos de endividamento e prometendo que os retornos aos accionistas continuarão robustos. “Trabalhamos para ser ‘high yield’ em termos de dividendos”, afirmou Ferreira a analistas e investidores durante comentários dos resultados.
As ações preferenciais fecharam em baixa de 4,4 por cento, a 20,5 reais, enquanto o Ibovespa fechou em alta de 2,5 por cento Acompanhando a tendência global de queda dos preços do minério de ferro para mínimas em cinco anos, a Vale também viu os preços médios de venda despencarem.
A tonelada de finos de minério foi negociada a 68,02 dólares no terceiro trimestre, contra 84,60 dólares no trimestre anterior e 109,93 dólares no terceiro trimestre de 2013. Os preços menores do minério impactaram directamente a receita da companhia.
Relatórios de analistas de bancos publicados após os resultados da empresa foram pessimistas. O Citi afirmou que o desafio para a Vale financiar investimentos entre 2015 e 2016 poderá ser mais acentuado que o esperado. O Barclays também previu efeitos negativos, dizendo que “parece cada vez mais provável” um corte de dividendos em 2015″.
Já a Vale ressaltou que está a realizar os mesmos projectos com menos investimentos. A mineradora prevê reduzir entre 1 bilião e 2 biliões de dólares os investimentos previstos para este ano, de 13,8 biliões de dólares. O diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, disse que a redução dos investimentos planeados para este e o próximo ano será alcançada por meio de uma maior eficiência nos gastos e também graças a efeitos da desvalorização do real frente ao dólar.