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Uruguai assume responsabilidade por assassinato da ditadura

O Estado uruguaio assumiu, Quarta-feira, a responsabilidade pela morte duma mulher que desapareceu em 1976, durante a última ditadura militar no país.

A decisão foi tomada em resposta a uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Maria Claudia Garcia de Gelman desapareceu aos 19 anos em Buenos Aires, na companhia do marido, que era filho do poeta argentino, Juan Gelman.

Grávida de oito meses, ela foi transferida para um centro clandestino de detenção em Montevideu, e o seu corpo nunca foi encontrado.

A menina Macarena, nascida no cativeiro, foi entregue então a uma família adoptiva vinculada aos militares que governaram o Uruguai entre 1973 e 85.

O actual presidente socialista do Uruguai, José Mujica, que participou na luta armada contra o regime militar e esteve preso por isso, disse reconhecer a responsabilidade do Estado pelo desaparecimento da jovem, mesmo depois de tantas década do facto.

Juan Gelman, vencedor do Prémio Cervantes em 2007, disse que a decisão de Montevideu foi “um acto comovedor, muito reparador, porque, além do mais, devemos assistir a uma espécie de paradoxo histórico, que o presidente da República, vítima da ditadura militar, tenha tido de reconhecer em nome do Estado (…) a responsabilidade dos seus verdugos. É preciso coragem moral para isso”.

A neta do poeta só conheceu a sua verdadeira identidade aos 23 anos, e em 2010 abriu um processo contra o Estado uruguaio por seu sequestro e pelo desapacimento da sua mãe.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu a seu favor em Fevereiro de 2011, e determinou ao Estado uruguaio que assumisse a responsabilidade pelo desaparecimento da Maria Claudia Garcia, além de pagar a Macarena uma indemnização equivalente a cerca de 50 mil dólares.

O desaparecimento da Maria Clara Garcia ocorreu como parte da chamada Operação Condor, um esquema secreto de cooperação dos regimes militares sul-americanos da década de 1970 contra militantes de esquerda.

Cerca de 200 uruguaios desapareceram nessas operações, a maioria na Argentina.

Juan e Macarena Gelman participaram na redacção do discurso lido por Mujica no Parlamento, e estiveram presentes na sessão.

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