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Uma vida que evolui nas entrelinhas!

Uma vida que evolui nas entrelinhas!

Cidadãos moçambicanos, e não só, testemunharam ontem, quinta-feira, 25 de Outubro, a cerimónia de apresentação da nova produção cinematográfica da realizadora moçambicana, Natércia Chicane, no Teatro Avenida em Maputo.

Se antes, o tema da traição entre os cônjuges incluindo a catarse que daí se produz entre ambos podia fecundar uma ficção cinematográfica, fosse uma dúvida para algumas pessoas, então, as mesmas foram esclarecidas.

Na narração cinematográfica cujo trailer tivemos oportunidade de ver encontram-se duas pessoas, na verdade, artistas não menos conhecidas no país – Tela Chicane, que é poetisa e actriz, e Mr. Bow, que é músico e agora actor. Ambos formaram um lar e – porque Natty Chicane, a realizadora que também participa no filme como actriz, se mostra sensível às peripécias da vida marital – decidiram colocar na película as idiossincrasias da vida amorosa numa sociedade cada vez mais materialista e materializante.

Na verdade, nas entrelinhas da vida, como se chama o filme, com uma duração de uma hora, a ganância, a depressão, o materialismo, o amor, o sexo, a fama, o glamour, entre outros, são alguns aspectos da vivência social que se desenvolvem num país – Moçambique – que não quer passar ao lado da globalização.

Para as pessoas mais atentas aos movimentos artísticos nacionais, como casal, em certo sentido, Tela Chicane e Mr. Bow – analisando-se a sua produção de arte – não diferem de duas forças opostas as quais, não obstante as suas personalidades fortes, são unidas pelo amor.

Conhecemos Tela Chicane em outros fóruns – com destaque para a produção da literatura, sector onde é conhecida como “aquela que fala mal dos homens” em resultado das críticas que faz ao seu comportamento – como, por exemplo, o teatro e a produção de eventos.

Mas, por outro lado, Mr. Bow – que presentemente faz do “Sinal de Vitória”, não somente o mote do seu mais recente trabalho discográfico, como também um “slogan”, uma orientação para a vida – já demonstrou em trabalhos artísticos anteriores o seu repúdio aos comportamentos desviantes da mulher. Aliás, refira-se que como uma pessoa que se rende à situação por que passou – perpetrada pela mulher, numa das suas canções – o artista acabou prometendo suicidar-se.

Em certa ocasião, recorde-se, explicando as motivações de muitos suicídios que decorrem no país Mr. Bow considerou que são resultados fatais das reacções aos temperamentos da mulher.

Ou seja, trata-se de uma acção contra o comportamento interesseiro da figura feminina que passa a vida a realizar petições exageradas ao seu marido. Em resultado disso, quando o homem labuta arduamente para satisfazê-la, ela simplesmente desvaloriza o seu esforço – pelo simples facto de a resposta por diversos factores ter sido emitida tardiamente – dizendo que “já não quero”.

Talvez o filme de Natty tenha o mérito de associar duas pessoas que, em certo sentido, na nossa sociedade podem ser vistas como tendo temperamentos volúveis, algo que, no caso de Tela Chicane, a sua revolta contra os homens não aparece como um simples comportamento feminista e barato. É que admitindo que “Sou o que não queria/ Queria ser a tua casa/ para regressares a cada partida”, esta poetisa rebela-se ao reconhecer que “infelizmente sou o teu sapato/ o qual tu pisas, de dia, de noite, sem dó”.

Tomando em conta que a produção artística, designadamente a cinematográfica, não é excepção, mas um instrumento a partir do qual os artistas emitem mensagens para alertar a sociedade sobre os perigos que determinados procederes implicam ao mesmo tempo que se louvam as boas acções, em certa ocasião, Tela Chicane quis expressar o seu sentimento em relação ao rumo da nossa sociedade.

A actriz comentou sobre Maputo – uma cidade que celebra, no próximo dia 10 de Novembro, 125 anos – afirmando que, sob o ponto de vista de estruturação municipal, a capital melhorou muito, não obstante haja aspectos por retocar. Que dizer, então, do aspecto social e humano?

“Há muito por ser aproveitado, sobretudo porque existem pessoas com vontade de trabalhar, de fazer algo pelo país que podiam ser capitalizadas. Sucede, porém, que as oportunidades são sempre direccionadas para as mesmas pessoas, em detrimento dos novos talentos que procuram oportunidades para se afirmarem”.

“Nas entrelinhas da vida” é, assim, uma obra cinematográfica a ser apreciada, analisada a fim de se tirar alguma ilação em relação à forma como os moçambicanos – aproveitando-se do desenvolvimento material que possuem – conduzem as suas vidas, incluindo o modo como isso afecta os outros.

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