Os órgãos genitais masculinos são a parte mais procurada em rituais de feitiçaria em Moçambique e na África do Sul, revela um estudo da Liga dos Direitos Humanos de Moçambique e da Linha da Criança da África do Sul.
As duas organizações referem que, durante as 14 semanas em que decorreu a pesquisa, entre 2008 e 2010, pelo menos uma pessoa era mutilada em Moçambique e na África do Sul em cada duas semanas, para a extracção de órgãos destinados a práticas de feitiçaria. “A África do Sul criou um mercado de órgãos humanos de pessoas traficadas de Moçambique”, indica o estudo.
O director do projecto da pesquisa, Simon Fellows, aponta no estudo que a maioria das mutilações é realizada em Moçambique (89%), mas 75% dos órgãos extraídos são enviados para a África do Sul.
Estes dados, de acordo com Fellows, indicam que a África do Sul está do lado da procura dos órgãos humanos e Moçambique do lado da oferta.
Além dos órgãos genitais masculinos, os autores das práticas de feitiçaria procuram igualmente órgãos genitais femininos, a língua, ouvidos, cabeça e seios.
Muitas vezes, as vítimas ficam sem os seus órgãos humanos ainda vivas ou depois de mortas, aponta o estudo. Durante a pesquisa, foram realizados 59 seminários, em que participaram 1949 pessoas, abordados 48 gruposalvo e entrevistadas 327 pessoas.
O director do projecto da pesquisa afirmou que os entrevistados revelaram que os órgãos humanos são usados em actividades relacionadas com a feitiçaria, rituais terapêuticos e práticas tradicionais dolorosas.
“A crença é que o uso de partes do corpo humano produz medicamentos tradicionais muito fortes”, afirmou Simon Fellows. Em Moçambique, vários relatos têm associado o recurso a órgãos humanos com a crença de que podem proporcionar riqueza e poderes sobrenaturais.