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Show da Banda Kakana com sabor a cacana!

Show da Banda Kakana com sabor a cacana!

Dez anos depois da sua fundação como agrupamento de música, a Banda Kakana reavivou o seu percurso artístico-musical através das actuações que tiveram lugar, no último sábado (01), no Parque dos Continuadores, em Maputo. Mas o show, que começou atrasado e que decorreu com manifesta falta de qualidade sonora, pode-se confundir-se com o amargo sabor da planta homófona da banda.

Se defendermos que os artistas – cineastas, músicos, escritores, escultores – tomam o atraso como parte integrante da sua rotina, talvez, se justificaria a longa e constrangedora espera que os seus admiradores são sujeitos aquando das actuações e/ou exposições.

Mas difícil seria entender os motivos pelos os quais os criadores tardiamente se apresentam ao público. Embora existam mais cúmplices nesse acto, quando estipulam uma certa hora para o arranque das actividades, os artistas devem – por regra geral – pensar num horário que lhes possibilite cumprir com as suas obrigações, para que os outros (os admiradores) também o façam.

No entanto, se não tivéssemos um pouco de consciência de que é necessário que se respeite o horário e, consequentemente, as pessoas presentes, nunca nos preocuparíamos com o problema do atraso. Um exemplo claro aconteceu no último sábado no espectáculo da Banda Kakana.

Marcado para 19 horas – conforme escreveram no comunicado de imprensa e divulgou-se por todos os medias – o evento dos 10 anos do grupo só arrancou, quase, duas horas depois – tempo suficiente para a realização de um evento do género. Aliás, além desse grotesco pecado, o ambiente campal, a que foi realizado o show, e a falta de assentos, aborreceu, diga-se, os pontuais, pois tiveram que arranjar alternativas para descansarem enquanto esperavam pelo início das comemorações.

O concerto

Já proferíamos nas primeiras linhas da nossa reportagem que o espectáculo do casal Kakana – Yolanda Chica e Jimmy Gwaza – confunde-se com canana, a planta usada na culinária. Na verdade o sabor dos pratos cozinhados a partir dessa folha depende muito dos modos de preparação. Isto é, os preparativos ditam o sabor da mesma. Por essa razão, o princípio dita o fim.

Nas sociedades contemporâneas, os concertos musicais constituem, para além de diversão e da aprendizagem, uma plataforma de intercâmbio e interacção entre o músico e público, que enfatize a seguinte regra: onde há acção tem de haver reacção.

Seria necessariamente bom que pagássemos esta expressão para compreender as emoções do público manifestadas no evento. No entanto, se, por um lado, os espectadores afluíram em massa ao local, por outro, era suposto que os mesmos retribuíssem, com o mesmo fervor, as declarações do agrupamento. Mas, infelizmente, havia um cenário de estranheza e apatia entre o auditório e os artistas.

Em alguns momentos, ou quase sempre, a relação entre ídolos e admiradores – com enfoque para a música – quando barrada por obstáculos, que, de uma ou de outra forma, impossibilitam a interacção dos dois gera descontentamento, maior ainda nos testemunhos do evento – a plateia.

Por exemplo, apesar de ter havido mais aplausos quando Yolanda subiu, pela primeira vez, no palco, o ambiente se estragou logo que começou o concerto com novos temas. Não que efectivamente a música fosse um fracasso. Pelo contrário. Somente faltou algum estudo de viabilidade. Por isso, de novo, faltou inteligibilidade e reacção.

Entretanto, embora se reconheça a capacidade e a qualidade do grupo no que concerne à produção de obras com temática pedagógica na sociedade moçambicana, Chicane cingiu-se no microfone e no tripé que o prendia. Na verdade parecia que algo lhe limitava de explorar o palco e, obviamente, também dançar.

A ausência de atrevimento, da liberdade criativa no palco fez com que Yolanda desse a entender que é uma artista insegura, pois, de certo modo, pode-se conotar a rotina à medo e/ou a falta de experiência

Alguns momentos marcantes do evento

A partilha simultânea do palco e as actuações colectivas com alguns dos músicos convidados para a festa foram um dos mais marcantes momentos vividos nas celebrações dos 10 anos da Banda Kakana. De qualquer modo, verificou-se uma certa preparação dos artista, o que, até certo ponto, comoveu os presentes.

Como regra geral, Chicane entrava com um artista de cada vez para, simultaneamente, interpretarem um dos seus temas. Após o dueto, que se alargou para todos os artista que cantaram, a figura cartaz do evento abandonava o palco a fim de conceder à cada músico um espaço para dar o seu show.

A estreia dos duos foi feita por Neyma Alfredo, seguido de Isabel Novella, Wazimbo, Simba e pelas sul-africanas, Zamajobe Sithole e Zonali Mahola.

Um outro aspecto que vigorou os corações dos presentes foi o momento em que Yolanda confessou que é fã incondicional da finada diva da música moçambicana, Elsa Mangue. As declarações que se enfatizaram através da interpretação do seu tema “Longa Estrada” gerou um momento nostálgico e, de seguida, um bem-estar aos admiradores.

Além dessa oportunidade tão sublime que se viveu na cidade de Maputo, os músicos Wazimbo, Isabel Novella e Zonali Mahola, do país do rand, deram o seu máximo para transfigurar o ambiente que já estava a ser desmoralizador. Cantando ou dançado, cada um do seu jeito, os 10 anos da Banda Kakana foram comemorados até à meia noite.

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