A presidente da Comissão da União Africana (UA), Nkosazana Dlamini-Zuma, afirmou, esta segunda-feira (8), que o encerramento das fronteiras e a suspensão dos voos para os países afectados pelo vírus do Ébola na África Ocidental tem cada vez mais impacto sobre as populações locais do que a doença.
A organização pan-africana advertiu igualmente na abertura duma sessão do seu Conselho Executivo, que agrupa os ministros dos Negócios Estrangeiros, que o impacto da doença sobre as populações de países como a Nigéria, onde vários casos foram registados, poderia mudar radicalmente, tendo importantes efeitos nas economias dos países vizinhos.
«Devemos velar por que o vírus do Ébola não se propague para outros países aplicando os procedimentos eficazes para detectar, isolar e tratar as pessoas infectadas e proteger o resto da população de infecções», disse Dlamini-Zuma.
«Devemos ter atenção para não tomarmos medidas que terão mais impactos negativos a níveis social e económico do que sobre a doença», preveniu. A UA convocou uma reunião de emergência dos ministros dos Negócios Estrangeiros para discutir sobre as medidas necessárias para pôr termo às sanções económicas contra os países afectados pelo vírus do Ébola, que matou até agora duas mil pessoas.
Segundo a UA, apesar de medidas serem requeridas para limitar o impacto da doença sobre o comércio transfronteiriço e a segurança alimentar, esforços são necessários para pôr termo à propagação da doença.
Dlamini-Zuma disse que as comunidades afetadas pela propagação do vírus não têm condições de fazer comércio nem cultivar os campos, o que provocou um aumento dos preços dos bens alimentares de primeira necessidade.
«Devemos tomar medidas para permitir à agricultura continuar e apoiar os comerciantes, a maioria dos quais são mulheres», sublinhou a presidente da Comissão da UA. Esta reunião de emergência do Conselho Executivo discute sobre os meios de limitar o impacto das medidas tomadas pelos outros países para evitar qualquer contaminação.
O secretário executivo da Comissão das Nações Unidas para África (CEA), Carlos Lopes, afirmou, por sua vez, que o impacto económico da doença será mais grave se o vírus se propagar para outros países do continente. A doença traduz-se numa diminuição da atividade económica nos países afectados.
«Só podemos lutar contra o Ébola através dum investimento em massa para se ocupar com urgência dos fatores que contribuem para a expansão da epidemia», disse Lopes.
“Os países afectados estão perturbados e precisam de toda África para cessar a desinformação e pedem um financiamento substancial das medidas de controlo da epidemia”, sublinhou.
Segundo a vice-presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Geraldine Fraser-Moleketi, a instituição financeira assinou um acordo de financiamento de 60 milhões de dólares americanos com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para disponibilizar fundos destinados à aquisição dos medicamentos necessários para o tratamento do Ébola e melhorar as infraestruturas de saúde na Serra Leoa, na Libéria e na Guiné Conacry.
O BAD está pronto também para desembolsar 150 milhões de dólares americanos a favor dos países afetados sob forma de apoio orçamental com vista a financiar as necessidades médicas nos hospitais na África Ocidental.