Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Turquia 2014: Moçambique escreve o seu nome na elite do basquete mundial

Turquia 2014: Moçambique escreve o seu nome na elite do basquete mundial

As “Samurais” inscreveram o nome de Moçambique entre a elite do basquetebol feminino mundial. Apesar das três derrotas, em igual número de jogos, a nossa selecção ultrapassou a média de pontos até hoje marcados por uma selecção africana num campeonato do mundo deixando para trás, nas contas finais, a actual campeã em título, Angola. Leia Dongue, que fez três duplos-duplos, é uma das revelações do torneio e a quarta melhor basquetebolista da primeira fase do “Mundial”.

A estreia

Ana Flávia Azinheira, Anabela Cossa, Deolinda Ngulela, Deolinda Gimo, Filomena Micato, Eliana Ventura, Isabel Mavamba, Ilda Chambe, Rute Muianga, Leia Dongue, Valerdina Manhonga e Odélia Mafanela foram as primeiras moçambicanas a disputarem um Campeonato do Mundo de Basquetebol.

A selecção de Moçambique estreou-se no grupo B marcando 54 pontos ao Canadá, que não foram suficientes para vencer mas mostraram as nossas “Samurais” ao mundo do basquetebol. Anabela Cossa marcou os dois primeiros pontos de Moçambique num “Mundial”, mas antes as canadianas tinham feito cinco pontos. Depois a nossa capitã puxou dos galões e atirou uma bomba, a primeira de três convertidas no jogo, fazendo o empate.

Anabela voltou a marcar, fazendo a cambalhota no placar e Deolinda Ngulela atirou outra bomba, alargando a vantagem.

Rute Muianga começou a aquecer a sua mão e disparou outra bomba, obtendo a maior vantagem de Moçambique. A seleccionadora canadiana pediu um desconto de tempo e mexeu no seu cinco inicial, lançando Miah-Marie Langlois para a quadra que reduziu com um triplo.

Leia Dongue marcou os seus primeiros dois pontos. O Canadá marcou dois. Leia voltou a marcar dois e depois converteu um lance livre.

Mas as canadianas apertaram na defesa, usando a altura para bloquear os ataques das “Samurais”, e Michelle Ploufee, com um triplo, reduziu a desvantagem para dois pontos. Nazir Salé pediu um desconto de tempo mas o Canadá deu a volta ao placar e saiu a vencer o 1º período por 18-22.

Da linha de lances livres Deolinda Gimo marcou o primeiro ponto do 2º período, que começou com ataques desperdiçados pelas duas selecções, e uma bomba de Rute empatou o jogo. Rute Muianga converteu o seu terceiro triplo seguido e Moçambique voltou a liderar o placar.

Mas as nossas meninas não conseguiam pôr o seu jogo interior a funcionar e as canadianas encontravam espaço por baixo da nossa tabela, voltando para a frente do marcador e chegando a seis pontos de vantagem. Valerdina Manhonga reduziu com uma bomba e Filomena Micato, da linha de lances livres , reduziu para um ponto a desvantagem. Mas o Canadá conseguiu marcar mais dois pontos e saiu para o intervalo a vencer por 32-35. O 3º período começou com um triplo do Canadá e com as “Samurais” a continuarem perdulárias no ataque, particularmente nos lançamentos de dois pontos.

Deolinda somou mais dois pontos da linha de lances livres e Anabela voltou a acertar uma bomba. Mas o Canadá voltou a atingir uma vantagem que chegou a nove pontos. Rute Muianga reduziu com outro triplo mas o jogo interior canadiano somava pontos e, com uma bomba, Miah-Marie Langlois obteve uma vantagem de 13 pontos. Mas antes do período terminar, Anabela Cossa converteu dois pontos e reduziu a diferença para 42-53. Leia Dongue abriu o placar no 4º período mas as canadianas também marcaram e alargaram a vantagem para 14 pontos.

Deolinda somou mais dois para as “Samurais” que a cinco pontos do final chegavam aos 46 pontos, ultrapassando a fasquia que Nazir Salé assumiu como o compromisso da nossa selecção neste campeonato mundial que era “fazer mais do que a média de 45 pontos, por jogo, que as selecções africanas marcaram nos “Mundiais” anteriores”. As canadianas converteram mais dois cestos e Rute Muianga marcou o seu único cesto de dois pontos; os restantes quatro cestos foram apontados para lá da linha dos 3,25 metros. Rute foi a melhor marcadora das “Samurais”.

O Canadá controlava o jogo e aproveitava as falhas defensivas da nossa selecção, que continuava perdulária nos lances de dois pontos. De referir que em todo jogo a nossa selecção logrou apenas nove dos 22 lançamentos de dois pontos que fez. Leia Dongue e Deolinda Ngulela encestaram duas bombas e reduziram para nove pontos a desvantagem. O resultado final foi sentenciado com um triplo de Courtnay Pilypaitis.

Leia, a revelação

A selecção francesa, que vinha de uma derrota diante da Turquia, entrou forte e procurando resolver logo o jogo a seu favor, e rapidamente fez o 8-0. Mas nas nossas guerreiras não se deram por vencidas e reduziram a desvantagem para 13-10. Contudo, a França, 4ª no ranking da FIBA, fechava bem na defesa e com a pontaria acertada alargou a vantagem e venceu o 1º período por 20-13.

A nossa selecção acusou a pressão, sucederam-se os bloqueios no garrafão francês, o jogo interior funcionava, e, para além dos cestos de dois que não aconteciam, os lançamentos triplos também não entravam. Rute Muianga, que na estreia foi perfeita com 100% de aproveitamento nos triplos, conseguiu marcar apenas um dos três que tentou. No 2º período as “Samurais” marcaram somente oito pontos e foram para o intervalo a perder 47-21. Depois do descanso as nossas representantes continuavam perdidas na quadra e, além de defenderem mal, o ataque não saía somando um total de 21 turnovers.

Do outro lado, a França aumentava a sua vantagem que no final do 3º período chegou a 40 pontos. O aproveitamento de lançamentos de dois pontos, por Moçambique, foi ainda pior do que na estreia ? apenas 26,5%. O último período começou com um triplo de Anabela Cossa e, aproveitando o desacelerar da França, que já deveria estar a preparar a decisão do apuramento frente ao Canadá, as “Samurais” somaram mais alguns pontos, com destaque para mais um triplo, desta vez de Cátia Halar.

Destaque ainda para a nossa capitã, Deolinda Ngulela, que, com muita raça, procurou organizar o jogo e ainda somou 10 pontos, tendo estado perfeita na linha de lances livres. No final, 89-45 foi o resultado num jogo onde Leia Dongue somou o seu segundo duplo-duplo, anotando 18 pontos e fazendo 11 ressaltos. Para a melhor basquetebolista moçambicana do momento estar neste “Mundial” “é uma experiência incrível” e a realização de um sonho “jogar contra atletas que actualmente me inspiram a continuar a jogar basquetebol”, disse Leia a jornalistas.

 

A despedida

Apoiada por cerca de dez mil turcos, nas bancadas da arena de Ankara, a selecção turca adiantou-se no marcador e com triplos certeiros tentou obter uma vantagem confortável, chegando aos 5-13. Mas Filomena Micato deu início à recuperação com um triplo.

Enquanto a equipa se fechava bem na defesa, Leia Dongue e Deolinda Ngulela reduziram a desvantagem para apenas um ponto. Entretanto, a selecção turca tinha a pontaria mais afinada e voltou a dilatar o marcador, vencendo o 1º período por 12-18. Moçambique marcou primeiro da linha de lances livres, onde neste jogo chegou aos 64,7% de aproveitamento, e um cesto da nossa capitã reduziu a desvantagem para dois pontos.

O jogo entrou numa fase mais “amarrada” com as duas equipas a fecharem bem e os lançamentos a não caírem. Contudo a maior experiência das anfitriãs veio ao de cima e voltaram a alargar a vantagem chegando aos 13 pontos. Uma bomba de Deolinda Gimo voltou a galvanizar as “Samurais”, porém as turcas eram mais pujantes a atacar e, graças à sua maior altura, bloqueavam o jogo interior das moçambicanas que só da linha de lances livres voltaram a marcar no 2º período, saindo para o intervalo a perder por 23-36.

Depois do descanso, Leia abriu o placar, Rute somou mais dois e Deolinda Gimo reduziu para nove pontos a desvantagem. Saziye Ivegin puxou dos galões, primeiro com um cesto e depois com um triplo, elevou a vantagem para 14 pontos, mas um cesto de Ngulela e triplo de Anabela Cossa não deixaram a Turquia distanciar-se. Mesmo empurrada pela sua claque, a selecção turcas, 13ª no ranking da FIBA, não tinha sucesso nos lançamentos triplos. Contudo, o seu melhor ritmo de competição permitia-lhes ganhar ressaltos e daí somar cestos.

Mesmo em cima do último segundo do 3º período, Begum Dalgalar apontou um triplo e aumentou o placar para 38-55. Já eliminadas do “Mundial”, as “Samurais” entraram para o último período a jogar pela honra, não só de Moçambique mas também do nosso continente pois a outra representante, a campeã africana Angola, foi humilhada na prova: primeiro pela Sérvia por 102-42, depois pela China por 65-39 e ainda pelos Estados Unidos, por 119-44.

Leia Dongue, sem dúvidas uma das grandes revelações do certame, somou mais alguns pontos para a sua conta pessoal, desta vez da linha de lances livres, e, depois de uma bomba de Deolinda Ngulela, a internacional moçambicana, de 23 anos de idade, que joga no 1º Agosto de Angola, colocou a nossa selecção na meta definida pelo seleccionador, que era a dos 45 pontos.

Mas o espectáculo de Leia não havia terminado; faltava um triplo, e que bomba! Ela deixou os adeptos turcos boquiabertos quando atirou a contar quase do centro da quadra e sob a pressão de uma adversária. Leia averbou mais dois pontos e fez o seu terceiro duplo-duplo no “Mundial”, com 17 pontos anotados e 14 ressaltos.

Odélia Mafanela converteu outros dois e voltou a animar a partida. As turcas, que já deviam estar a pensar nos quartos-de-final, tremeram mas não vacilaram e voltaram a somar pontos. Um cesto de Anabela Cossa sentenciou o resultado final: Moçambique 54-64 Turquia. Uma grande actuação da selecção nacional de Moçambique na despedida do Campeonato do Mundo de Basquetebol em seniores femininos. Missão cumprida, “Samurais”!

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!