Os títulos do governo italiano e os mercados de acções do país naufragaram, esta Segunda-feira (30), depois de Silvio Berlusconi ter puxado o tapete da coligação do primeiro-ministro Enrico Letta ao ordenar que cinco ministros de centro-direita renunciassem a seus cargos no governo.
A decisão de Berlusconi, tomada à medida que o magnata da mídia enfrenta a possível expulsão do Parlamento depois de ser condenado por fraude fiscal, deixou a terceira maior economia da zona do euro sem um governo funcional. Investidores temem que o caos político na Itália possa expandir-se para além das fronteiras do país, especialmente se resultar em novas eleições, embora o presidente Giorgio Napolitano pareça determinado a tentar todos os caminhos para buscar uma nova maioria parlamentar.
A turbulência ocorre num momento particularmente infeliz, em que o projecto de lei orçamentária do próximo ano está em negociação. No entanto, o facto de a economia da zona euro estar a mostrar sinais de recuperação e de os investidores continuarem a acreditar na postura do Banco Central Europeu poderiam limitar qualquer contágio.
“Se resultar em novas eleições a incerteza política que se seguiria seria mau para a Itália e, em menor grau, para a zona do euro”, disse Holger Schmieding, economista do Berenberg Bank. “Mas os mercados e formuladores de políticas da zona do euro estão agora provavelmente numa posição melhor para lidar com isso do que antes.”
O rendimento dos bónus de 10 anos da Itália, um bom indicador de sentimento de longo prazo, subia para 4,73 por cento no início desta Segunda-feira, ante 4,42 por cento na Sexta-feira, o mais alto desde Junho, mas bem abaixo dos 7,5 por cento atingidos quando a Itália esteve à beira da inadimplência no final de 2011.
O índice de acções FTSE MIB tinha queda de 1,7 por cento, principalmente devido à queda de acções do sector bancário. Acções do grupo Mediaset, controlado por Silvio Berlusconi, caíam 4 por cento. O primeiro-ministro italiano, Enrico Letta, irá ao Parlamento na Quarta-feira e tentará obter um voto de confiança para verificar o que resta do seu apoio parlamentar.