Milhares de chineses foram às ruas em uma cidade no sudoeste do país na quinta-feira, alguns destruindo veículos policiais, no mais recente protesto de cidadãos indignados com a agressividade de autoridades locais, segundo informações na mídia. O protesto em Qianxi, na província de Guizhou, foi o mais recente de milhares de tumultos e demonstrações breves e locais que ocorrem na China todo ano, e como ocorre em muitos dos recentes distúrbios, essa manifestação posicionou os moradores contra autoridades da “administração urbana” responsáveis por manter a lei e a ordem.
“Um confronto começou entre autoridades da administração urbana e o dono de um veículo ilegalmente estacionado, atraindo a atenção de milhares de transeuntes e desencadeando incidentes de multidões destruindo veículos policiais e bloqueando ruas”, disse a China National Radio em seu site oficial nesta sexta-feira. “Multidões viraram veículos dos funcionários da administração urbana de ponta-cabeça e atacaram a polícia que chegou para acalmar a situação”, disse a agência oficial de notícias Xinhua.
Os manifestantes destruíram dez veículos e incendiaram outros cinco, disse a Xinhua, acrescentando que 10 policiais e guardas de segurança ficaram feridos. A polícia prendeu 10 pessoas suspeitas de atacar os veículos. Um distúrbio no sul da China em junho também foi motivado pelo rancor entre moradores e autoridades locais, e segundo pesquisadores, esses ataques breves representam a instabilidade que está testando o controle do Partido Comunista que governa o país.
A rádio Free Asia, serviço de notícias sediado em Washington D.C., nos EUA, informou que o confronto em Qianxi começou depois que autoridades tentaram confiscar uma bicicleta elétrica, ferindo a dona da bicicleta. A China testemunhou quase 90 mil tais “incidentes da massa” em distúrbios, protestos, petições e outros atos de instabilidade em 2009, segundo uma pesquisa de dois acadêmicos em 2011 da Universidade de Nankai, no norte da China.
Alguns estimam números ainda mais altos. Assim como ocorre em muitos outros protestos e distúrbios recentes, notícias desse último incidente se espalharam pela Internet na China, especialmente no site de microblogging do Sina, Weibo, segundo a rádio Free Asia.
Mas autoridades estão cautelosas sobre a disseminação de qualquer discussão sobre esses incidentes, e na manhã desta sexta-feira, buscas no Weibo pelo município de Qianxi ou mesmo a província de Guizhou foram amplamente bloqueadas no Weibo, com uma mensagem dizendo que “regulamentos legais relevantes” impediam a divulgação dos resultados da busca.