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Tsalala: FADM desactiva e destrói material bélico

Cerca de 17 anos após o fim do conflito armado em Moçambique ainda continuam a ser descobertos esconderijos de material bélico um pouco por todo o país. O exemplo mais recente ocorreu Quarta-feira, no bairro de Tsalala, Município da Matola, província de Maputo, onde 25 roquetes de bazooka RPG7 e um obus de morteiro (82 milímetros) foram descobertos enterrados debaixo de uma árvore no quintal de uma residência.

O material, parte do qual em estado obsoleto, foi desactivado e destruído, hoje, por uma equipa das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), que depois de receber um alerta, deslocou-se ao local para a respectiva desactivação A descoberta ocorreu quando o dono da casa, Cremildo Honwana, na companhia de algumas crianças, tentava tirar o tronco da árvore no processo normal de limpeza do terreno.

Falando a AIM, Honwana explicou que, depois da descoberta dos engenhos explosivos, comunicou os responsáveis do bairro que por sua vez remeteram o assunto a Polícia. O processo de remoção, e que culminou com a destruição do material, envolveu oito membros das FADM afectos o Comando de Exército, dos quais seis oficiais, um sargento e um praça, bem como três oficiais da Polícia, tendo sido realizada na presença dos dirigentes do bairro de Tsalala.

A destruição teve lugar num terreno adjacente ao antigo quartel do Batalhão de Engenharia, pouco mais de três quilómetros do local onde o material militar foi descoberto. A forte explosão que se registou na ocasião provocou um incêndio que deixou a mata em redor do quartel em cinzas e danificou um dos vidros da viatura da Agência de Informação de Moçambique (AIM), que transportava uma equipa de reportagem para efeitos de cobertura da operação.

A viatura encontrava-se estacionada juntamente com outras no recinto do quartel. O Chefe dos Serviços de Explosivos no Comando de Exercito, Tenente Coronel Tomas Alberto Alfandega, que dirigiu a operação, estima que aqueles engenhos explosivos tenham sido escondidos antes do Acordo Geral de Paz que pôs fim a guerra entre as forças governamentais moçambicanas e da Renamo, actualmente maior partido da oposição em Moçambique.

Apesar de alguma parte do material se apresentar em estado obsoleto, Alfandega alertou que ainda constituía um perigo dada a sua natureza bélica. “Todo o material bélico, escondido como não, tem vida. Pode detonar-se a qualquer momento e causar um acidente, razão pela qual se apela que, qualquer objecto estranho que se apanhe, deve se reportar a estrutura do bairro, a Polícia ou então as Forças Armadas”, advertiu Alfandega. Aquele oficial superior disse que não era a primeira vez que se descobria engenhos explosivos na zona.

Depois das explosões do Paiol de Malhazine alguns projécteis foram ali encontrados. No caso vertente, Alfandega disse que a zona onde os engenhos explosivos foram encontrados era considerada “corredor” de guerra. “Pode ser que alguma força tenha escondido o material para usá-lo na primeira oportunidade, mas que tal nunca chegou a acontecer”, anotou. Por sua vez, o proprietário da residência onde o material tinha sido enterrado contou a AIM estar ainda abalado e com o receio de que possa haver ainda outros engenhos no quintal.

“Estou ainda com o medo. Tenho até receio de continuar com o trabalho de remover este tronco de arvore, embora os militares tenham me assegurado que já removeram todos os engenhos”, disse Honwana, vincando que foi por sorte que não os detonou na altura em que cavava em redor do tronco. Segundo ele, inicialmente havia juntado capim em redor da árvore e queimou longe de saber que por ali se encontrava escondido material perigoso.

Ainda mais, na altura em que ia cavando para a remoção do tronco da árvore, actividade que estava a realizar com ajuda de crianças, podia bater num dos obuses e se detonar. “Poderia ser uma tragédia”, disse Honwana, suspirando de alívio, embora continue ainda com o medo. Honwana revelou que acaba de adquirir aquele espaço, estando a viver no local há cerca de quatro meses.

Segundo ele, depois de informar os responsáveis do bairro sobre a ocorrência, a Polícia montou uma guarnição para que ninguém pudesse mexer, tendo permanecido até a chegada, hoje, dos militares que desactivaram o esconderijo.

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