Pelo menos 45 civis foram assassinados esta quarta-feira durante o avanço de tanques das forças da Síria, que ocuparam o centro de Hama, afirmou à Reuters um ativista que conseguiu escapar do cerco à cidade. Quarenta pessoas foram mortas por tiros pesados de metralhadoras e bombardeios disparados pelos tanques no distrito de al-Hader, no norte do rio Orontes, disse o ativista, que se identificou como Thaer.
Moradores contaram que os tanques avançaram em direção ao centro de Hama e ocuparam a principal praça, local de alguns dos maiores protestos contra o presidente do país, Bashar al-Assad, ao longo de quatro meses de manifestações exigindo sua saída e liberdades políticas. “Todas as comunicações foram cortadas. O regime está a concentrar toda a mídia no julgamento de Hosni Mubarak enquanto destroem Hama”, disse à Reuters um dos moradores que estava na cidade, por telefone via satélite.
Segundo a testemunha, tanques foram vistos chegando ao centro a partir do sul, acompanhados por uma série de unidades ultralegalistas, inclusive milicianos conhecidos como “shabbiha”, soldados paraquedistas e forças especiais. O ex-presidente veterano do Egito Hosni Mubarak, deposto após protestos massivos no início do ano, foi a julgamento esta quarta-feira, acusado de matar manifestantes — imagem que emocionou aqueles que derrubaram o líder e deve ter provocado calafrios para outros autocratas árabes que enfrentam revoltas populares.
Mais cedo, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou as violações aos direitos humanos e o uso da força contra civis pelas autoridades sírias num comunicado divulgado esta quarta-feira. O Líbano, vizinho da Síria e onde a influência de Damasco é forte, desvinculou-se da declaração acordada pelos outros 14 membros do conselho.