Os tripulantes de uma embarcação argentina de treinamento naval que foi apreendida por credores em Gana devem começar a deixar o país, Terça-feira (23), após passarem semanas num limbo portuário, disse uma fonte governamental, esta Segunda-feira (22).
O ARA Libertad, um veleiro com mais de 300 tripulantes, foi apreendido no porto ganense de Tema a 2 de Outubro graças a uma ordem judicial obtida pela empresa NML Capital, que pleiteia o ressarcimento por 300 milhões de dólares em títulos públicos argentinos envolvidos numa moratória.
“Nós estamos a preparar-lhes, e a maioria deles começará a ir embora amanhã se conseguirem completar os seus processos de imigração”, disse a fonte governamental à Reuters, pedindo anonimato. Os demais tripulantes devem ir embora ao longo da semana, em levas.
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse, Sábado, que determinou a retirada dos 326 marinheiros retidos, deixando em Gana apenas o capitão e alguns auxiliares directos.
Ela alegou que os direitos humanos dos tripulantes estavam a ser violados, pois um juiz proibiu o abastecimento do combustível necessário para manter em funcionamento os sistemas hidráulicos e os equipamentos de emergência do navio.
O governo de Gana afirmou, Domingo, que a tripulação está liberada para ir embora, e o principal advogado da NML, Ace Ankomah, disse que a empresa não se oporia à partida dos marinheiros.Esta Segunda-feira, os marinheiros trabalhavam no cais e pareciam animados.
Alguns voltavam da cidade com malas e caixas para embalar as suas coisas, conforme uma testemunha da Reuters no porto. Desde a apreensão do navio, há três semanas, os tripulantes costumam ser vistos a correr, a jogar futebol e a fazer compras.
“Gana é um país legal, as pessoas são leais, mas ficar aqui sem fazer nada é diferente de estar em casa sem fazer nada”, disse à Reuters um marinheiro com cerca de 25 anos, durante uma visita à loja “duty free” do porto.
Há dez anos, no auge de uma crise económica, a Argentina declarou uma enorme moratória da sua dívida, e até hoje o país sofre inúmeros processos judiciais nos Estados Unidos movidos por portadores de títulos caloteados.
Gana afirmou que rejeitou os pedidos da Argentina para liberar o barco porque deseja respeitar o ordenamento jurídico.
