Um trio de cientistas europeus conquistou o prêmio Nobel de Química de 2016 por desenvolver máquinas moleculares que um dia poderão ser injetadas no corpo para combater o câncer ou usadas para criar novos tipos de materiais e dispositivos de armazenamento de energia.
O francês Jean-Pierre Sauvage, o escocês J. Fraser Stoddart e o holandês Bernard Feringa desenvolveram moléculas que produzem movimentos mecânicos em reacção a um estímulo, o que lhes permite realizar tarefas específicas, disse a Academia do Nobel nesta quarta-feira ao conceder o prêmio de 931 mil dólares.
Essas máquinas moleculares podem ser transformadas em medicamentos inteligentes que procuram doenças ou danos e levam remédios para combatê-los ou curá-los, e em materiais inteligentes que podem se adaptar em resposta a gatilhos externos, como mudanças na luz ou na temperatura.
“As oportunidades são infinitas”, disse Feringa, professor de química orgânica da Universidade de Groningen, na Holanda, a repórteres quando lhe pediram para prever em que seu trabalho poderá ser usado.
“Pensem em um micro-robô minúsculo que no futuro um médico irá injetar em seu sangue e que vai pesquisar uma célula cancerígena ou levar um remédio, por exemplo”.
Goran Hansson, membro da Real Academia de Ciências da Suécia, que concede o prémio, disse que o reconhecimento deste ano “é todo das menores máquinas do mundo”.
“O céu é o limite”, afirmou ele quando indagado sobre onde a descoberta pode levar.
O comunicado do comité do Nobel disse que a ciência das máquinas moleculares está agora “no mesmo estágio do motor elétrico nos anos 1830” – quando cientistas utilizavam diversas manivelas e rodas giratórias sem saber que elas levariam aos trens eléctricos, às lavadoras de roupa, aos ventiladores e processadores de alimentos.
“Por enquanto só podemos tentar adivinhar os desdobramentos excitantes que temos à nossa frente”, disse o texto.
“Entretanto, já temos a resposta definitiva para a pergunta inicial: quão pequenas podem ser as máquinas? Pelo menos mil vezes mais finas do que um fio de cabelo”.
A honraria de química é a terceira dos prémios Nobel deste ano. O japonês Yoshinori Ohsumi recebeu o de medicina na segunda-feira, e três cientistas nascidos no Reino Unido, entre eles dois escoceses, conquistaram o de Física na terça-feira.