O mais alto tribunal do Kuwait anulou, esta Quarta-feira, os resultados das eleições parlamentares ocorridas em Fevereiro, nas quais os legisladores da oposição obtiveram a maioria, e reinstalou a assembleia anterior.
A decisão foi a última reviravolta numa rixa crescente entre o governo apontado pelo emir e os legisladores de maioria islâmica que tinham ameaçado convocar ministros do primeiro escalão para serem questionados no Parlamento.
O conhecido parlamentar oposicionista Musallam al-Barrak anunciou que ele e vários outros colegas estavam a renunciar ao Parlamento restaurado, descrevendo a decisão do tribunal como “um golpe contra a Constituição”.
Os políticos da oposição obtiveram a maioria nas eleições de Fevereiro, ocorridas depois de o emir dissolver a assembleia anterior no meio de denúncias de corrupção que atrasaram as reformas económicas e o desenvolvimento económico.
Os analistas disseram que a decisão não seria bem recebida por muitos eleitores que apoiaram os políticos da oposição, devido a acusações de irregularidades financeiras contra parlamentares anteriores.
“O Parlamento anterior é totalmente impopular”, disse Abdullah al-Shayji, professor de ciências políticas na Universidade do Kuwait.
“Não tem o apoio da maioria dos kuaitianos que votaram num novo Parlamento e rejeitaram a maioria dos antigos parlamentares, suspeitos de envolvimento num escândalo de corrupção.”
Alguns investidores disseram, no entanto, que a decisão de dissolver o Parlamento foi um ponto positivo, uma vez que a disputa prolongada entre o governo e o Parlamento tem atrasado as reformas económicas e projectos vitais para o desenvolvimento.