Três garimpeiros morreram nesta sexta-feira em confrontos com a polícia moçambicana durante uma operação da corporação para impedir a extração ilegal de ouro, provocando uma revolta popular que paralisou a vila de Manica, no centro de Moçambique.
Fontes do grupo de garimpeiros disseram à Lusa que a polícia ambiental disparou quando executava uma operação para desativar as minas ilegais no distrito de Manica, na província com o mesmo nome, mas encontrou resistência dos homens que exploram ouro, numa vasta área nesta região transfronteiriça fértil em recursos naturais.
“Dois morreram nas minas e um perdeu a vida já no hospital e há muitos feridos”, declarou à Lusa Matthew Duke, um dos garimpeiros presentes no local. A mesma fonte disse que “a polícia é que provocou, pois muitos trabalham para ganhar a vida, até há alguns garimpeiros legalizados em pequenas associações”, sem precisar, no entanto, se a zona de atuação das autoridades era ilegal.
Esta região é desde há alguns anos palco de conflitos entre garimpeiros moçambicanos e zimbabueanos e entre estes e as autoridades policiais, em torno da exploração de ouro, muitas vezes ilegal.
Durante os confrontos de nas minas, segundo Matthew Duke, a polícia recuou sob a pressão dos garimpeiros, que seguiram as viaturas da patrulha até ao posto policial número um, no centro da cidade, e ameaçaram invadir o comando distrital local, em retaliação às mortes dos colegas.
A Lusa testemunhou o alvoroço durante a manhã em Manica, que forçou o encerramento do comércio, serviços públicos e transportes. Os garimpeiros colocaram barricadas na entrada e saída da cidade, com pedras de grandes dimensões, encerrando temporariamente o trânsito na estrada nacional número seis, que liga os países interiores da África Austral ao porto da Beira.
A Polícia da Republica de Moçambique (PRM) teve de reforçar os agentes no local e, em conjunto com a força da Guarda Fronteira, acalmou os ânimos dos garimpeiros, que receberam largo apoio da população local nos confrontos contra as forças policiais. “São os nossos filhos que estão a morrer. O garimpo vem dos nossos antepassados e sustenta várias famílias. Incluindo alguns dirigentes hoje do país foram sustentados pelo garimpo”, disse à Lusa Marta Penache, uma moradora do bairro Vumba, em Manica.
A polícia ambiental devia ser apresentada no distrito esta semana, antes de iniciar as suas operações naquela área de garimpo, 30 quilómetros a norte de Manica.
A Lusa tentou sem sucesso ouvir a PRM de Manica, bem como o administrador local.