As forças do governo sírio e os combatentes rebeldes num subúrbio sitiado de Damasco estabeleceram uma trégua de 48 horas que poderá permitir o envio de comida para os famintos residentes do bairro, disseram os activistas na quinta-feira (26).
Os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL) ocuparam a localidade de Mouadamiya no ano passado, e o governo vem tentando recuperá-lo desde então, com um cerco que impede o acesso de alimentos, remédios e combustível.
Crianças já morreram de desnutrição, e milhares de residentes passam fome. Alguns estão a comer folhas para sobreviver. O frágil cessar-fogo em Mouadamiya, dez quilómetros a sudoeste da capital, começou na quarta-feira, com o hasteamento da bandeira do governo no edifício mais alto dessa cidade.
O Exército disse que se a trégua durar até sexta-feira permitirá a entrada de alimentos. É improvável que o cessar-fogo se repita noutras partes da Síria, onde operam grupos rebeldes mais radicais, mas essa trégua abre a perspectiva de alívio na violência e na fome numa das áreas mais afectadas pela guerra civil síria, que já dura quase três anos.
Um activista familiarizado com o acordo disse à Reuters que as negociações foram realizadas pelos conselhos militares do ESL e por representantes civis e militares do governo na cidade.
Se a trégua se mantiver e o governo permitir o acesso de alimentos, disse o activista, um acordo mais amplo poderá ser implementando, incluindo possivelmente a entrega de armas pesadas pelos rebeldes.
“O regime disse que queria as armas pesadas, como os tanques e canhões”, disse ele. “Disse também que está disposto a comprar essas armas e pagar por elas”, acrescentou. “Não há garantias de lado nenhum. É guerra.”