A crise de combustíveis agravou-se esta quarta-feira na cidade do Chimoio, província de Manica, levando a que operadores de transportes internacionais de carga ficassem retidos. Este problema, que se arrasta há três dias, de acordo com a Direcção Provincial dos Recursos Minerais e Energia, deve-se a dificuldades de atracagem de navios petroleiros no Porto da Beira, por causa de “ mau tempo”. Contudo, nenhuma fonte, a partir da cidade da Beira, confirmou a ocorrência de mau tempo que resultasse no impedimento da entrada de navios no porto.
Segundo o jornal Diário de Moçambique, que cita António Vilanculos, administrador Marítimo de Sofala, a sua instituição não recebeu nenhuma informação reportando estado de tempo que impedisse amarração de petroleiros. O director provincial dos Recursos Minerais e Energia de Manica, Olavo Deniasse, no entanto, referiu que, devido ao mau tempo, os navios não conseguem atracar na Beira, daí que a escassez de combustíveis continue persistente.
Em contacto com a reportagem do Diário de Moçambique, Dieniasse afirmou que presentemente a Petromoc, companhia nacional de distribuição de combustíveis líquidos, está a recorrer a meios alternativos, a fim de fornecer os referidos produtos, dada a rotura que se verifica nos seus “stocks”.
A cidade de Chimoio possui um total de sete bombas de abastecimento de combustíveis. A maior parte delas não possui diesel. Algumas ainda na quarta-feira tinham gasolina, um dos derivados do petróleo relativamente menos procurado. A falta de diesel constitui denominador quase comum, no que diz respeito aos problemas por que as bombas passam. A que tinha aquele tipo de combustível e assegurava o abastecimento (uma da BP), queixou-se do esgotamento tanto do gasóleo como da gasolina na quarta-feira, logo pela manhã. “Ontem tínhamos combustíveis, mas esgotaram-se hoje. Estamos à espera do camião, que já carregou e está a caminho. Dizem que o navio ainda não atracou no Porto da Beira e a Petromoc está a recorrer ao combustível disponível na Petrobeira”, disse Fidério Michone, trabalhador do posto de abastecimento pertencente à BP-Rechi.
A falta de combustíveis, em Chimoio, é descrita como estando a causar sérios transtornos aos automobilistas, sobretudo transportadores de passageiros e de carga, com particular destaque para os que efectuam viagens de longo curso para fora do país. Muitas viaturas são oriundas dos países do hinterland, Zimbabwe, Zâmbia e Malawi.“Chegamos cedo, para irmos a Beira, mas somos obrigados a dormir cá”, lamentou Victor Ming, da companhia transportadora de carga UTL, que seguia de Malawi à Beira. “Não sei se saímos hoje”, palavras de José Adelino, condutor de uma viatura de longo curso, também da UTL, uma empresa nacional de transportes de carga, que tinha igualmente como destino a cidade da Beira. Por seu turno, Ibraímo Jala, disse estar retido desde segunda-feira última. Partiu de Tete, para o distrito de Caia, Sofala. “A falta está a criar transtornos. Esta é a terceira bomba por onde passo à procura de combustível”, afirmou, por seu turno, Albano Tebuca.
Viaturas pesadas de longo curso ficaram retidas naquela cidade, num troço da Estrada Nacional número seis, onde aguardavam criação de condições para o seu abastecimento, visando reatar a viagem para a cidade da Beira. O receio de o problema vir a continuar ainda nos próximos dias é grande. Dado o facto, alguns optam por depositar gasolina, existente em algumas bombas, em recipientes. “Estou a procurar garantir reservas”, afirmou Gimo Luís, um condutor interpelado pelo Diário de Moçambique à sua saída duma bomba de gasolina.