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Toque de recolher é suspenso no vale do Swat para permitir a fuga dos civis

ONU alerta para grave crise humanitária no Paquistão

As autoridades paquistanesas suspenderam temporariamente neste domingo o toque de recolher imposto no vale do Swat, onde o exército conduz há duas semanas uma grande ofensiva contra os talibãs, para permitir a mais de 100.000 civis fugir dos combates.

O Exército paquistanês afirmou neste domingo ter matado entre 180 e 200 insurgentes nas últimas 24 horas em diversos lugares do vale do Swat. O toque de recolher foi suspenso temporariamente entre 06H00 e 15H00 locais, ou seja, por mais tempo que o previsto, devido ao número elevado de pessoas fugindo dos confrontos, informou um responsável militar. “De acordo com minhas informações, mais de 100.000 pessoas conseguiram deixar Swat durante a interrupção do toque de recolher”, destacou o ministro das Florestas, Wajid Ali, também deputado de Mingora, a maior cidade do vale.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados (NCR) anunciou que até um milhão de pessoas tiveram que abandonar suas casas no noroeste do Paquistão, sobretudo em Buner, Lower Dir e Swat. Khushkhal Kahn, uma autoridade local, frisou que cinco campos suplementares foram abertos para os refugiados na Província da Fronteira do Noroeste.

Autoridades locais pediram uma prorrogação da interrupção do toque de recolher, mas o exército negou, argumentando que “movimentos insurgentes” tinham sido registrados. As autoridades não forneceram nenhum modo de transporte para permitir a retirada dos civis, que tiveram que fugir por seus próprios meios, segundo testemunhas. “Só tenho 4.000 rupias (50 dólares) e algumas roupas. Vou sair de casa hoje mesmo.

Aqui, em Mingora, parece o fim do mundo”, relatou Asifa, uma mulher de 24 anos, esperando com seus dois filhos no ponto de ônibus da principal cidade do vale do Swat. “Não há ninguém para me ajudar. É cada um por si. Estou até disposta a sentar no teto de um machibombo, mas não há lugar”, lamentou.

De acordo com a associação humanitária Muslim Aid, com sede em Londres, “esta crise pode se tornar a pior catástrofe humanitária da história moderna do Paquistão”. Sábado, o ministro da Informação, Mian Iftikhar Hussain, pediu ajuda à comunidade internacional. “A situação nos campos de refugiados é muito preocupante”, alertou. Apoiados pela aviação, milhares de soldados invadiram o vale do Swat com a missão de “eliminar” os rebeldes talibãs.

Centenas de milhares de civis tiveram que abandonar suas casas para fugir da violência dos bombardeios. O Exército do Paquistão acusou os talibãs de utilizarem os civis como “escudos humanos”. Porém, segundo depoimentos de refugiados, vários civis também foram vítimas dos bombardeios intensos conduzidos pela Força Aérea Paquistanesa.

Sábado, durante uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro paquistanês, Yusuf Raza Gilani, afirmou que o exército está “determinado” a evitar ao máximo as perdas civis e a encerrar a ofensiva “o mais rápido possível”.

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