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Todos iguais na luta

A revolta popular no Egipto, com o seu epicentro na Praça Tahrir, no Cairo, também serviu para promover a igualdade de género. As mulheres estiveram ao lado dos homens e partilharam o sentimento de pertencer a um único movimento com os mesmos objectivos, afirmou Nora Rafeh Refa Tahtawi, que participou nos protestos no Cairo.

O povo egípcio simplesmente quer “liberdade, justiça e dignidade”, disse a activista Azza Kamel, que também participou nas manifestações que desembocaram na renúncia do presidente Hosni Mubarak no começo de Fevereiro.

“Não há lugar para tensões étnicas”, disse Azza, que retomou a ideia de “família”, apresentada por Nora, com o lema “um coração, uma mão, uma cabeça”.

Segundo Azza, “ninguém poderá dividir o povo egípcio agora”.

Dignidade (karama em árabe) é uma palavra muito repetida durante os protestos nesse país.

Também é o nome de uma organização internacional, com sede no Egipto, criada em 2005, com programas em Marrocos, Argélia, Jordânia, Síria, Sudão e Tunísia.

“A revolução reuniu pessoas de origens completamente diferentes em termos de classe, educação, e filiação política”, disse Hibaaq Othman, fundadora e executiva da Karama.

“Consideraram-se uma comunidade. Unificaram a sua postura e a sua energia, foi sobre eles e para eles. As mulheres sofriam da mesma forma”, disse Hibaaq.

“Quando as pessoas se unem não há nada que as possa deter.

Tornaram-se um tratado, quebraram o muro do medo, do género, da pobreza e da riqueza, todos eram iguais a protestar”, acrescentou Hibaaq. As tunisinas actuaram como “catalisadoras” das egípcias. Agora é o momento de os habitantes de Bahrein romperem barreiras, embora a sociedade seja mais conservadora, disse Azza.

“Estamos a escrever a nossa história. O céu é nosso limite. Vão ganhar”, disse Nora, em alusão ao povo líbio.

“Não há barreiras quando as mulheres decidem”, disse Nihad Abu el Komsan, directora do Centro de Direitos das Mulheres, do Egipto.

De certa forma, a liberdade é mais difícil do que a escravidão porque supõe responsabilidades, acrescentou, ressaltando que “o futuro está garantido”.

Abriu-se uma “janela de oportunidades” para as mulheres, disse Hibaaq.

Elas foram parte importante dos protestos e agora têm de insistir “para participar na redacção da Constituição.

Precisam de garantir a sua presença nas comissões mais importantes, sobretudo porque ainda não estão em nenhuma”, disse.

“Tempos difíceis esperam-nos” para instalar a democracia, reconheceu.

As pessoas devem unir-se para reclamar dignidade, respeito e liberdade, política, social e religiosa. “É assim que se alcança a democracia”, ressaltou.

A ONU Mulheres tem pela frente o importante papel de garantir à população feminina a representação na mesa de decisões.

A agência, inaugurada no dia 24 passado, reformula os seus programas na Tunísia e noutros países do Norte de África e do Oriente Médio para contemplar as novas oportunidades, afirmou Moez Doradi, subdirector-executivo da organização.

“Houve ganhos e vitórias nos planos político, social e de género. Devemos apoiar os benefícios e permanecer vigilantes para evitar um retrocesso”, acrescentou.

Uma forma de conseguir isto é recorrer a acções e cotas afirmativas, disse Moez.

A ONU Mulheres deve-se concentrar nas organizações femininas da sociedade civil, que “reflectem as aspirações, os temas e a beleza delas, do ponto de vista político”, disse Hibaaq.

O verdadeiro desafio agora é garantir que a nova agência da ONU faça o que prometeu: priorizar as mulheres, declarou. “Foi promovida por elas e deve ser para elas”, destacou.

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