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Tirando isso, Vilanculo já apagou maioria das marcas do “Fávio”

Quem for hoje a Vilanculo nem sequer irá perceber que esta vila tinha ficado praticamente destruída pelo ciclone “Fávio”, que assolou a costa Sul e Norte de Moçambique há três anos. “Vilanculo tinha ficado praticamente todo destruído. Quando alguém estivesse parada, a sua vista alcançava cerca de 10 a 15 quilómetros”, descreveu o edil do Município de Vilanculo, Suleimane Amugy, falando à AIM.

Volvidos três anos após o trágico fenómeno natural, a vila já reconstruiu a maioria das suas infra-estruturas destruídas em Fevereiro de 2007, particularmente as residências, empreendimentos privados e a maioria das infra-estruturas públicas.

Segundo Amugy, a recuperação foi muito rápida e agora a população local, o sector privado e o próprio Governo possuem infra-estruturas construídas com uma engenharia mais moderna de modo a serem mais resistentes a eventuais futuros ciclones.Com estas reconstruções, o sector de Turismo chegou mesmo a crescer. Em 2007 (antes do ciclone), a vila tinha entre 1.150 a 1.200 camas, número que ficou reduzido para 40 na sequência deste fenómeno natural.

Entretanto, agora a vila conta com uma capacidade de 1.350 camas. José Mabureza explicou que a recuperação do sector do Turismo foi rápida porque a maioria dos empreendimentos turísticos existentes na vila estão asseguradas. Assim, logo depois daquele fenómeno, as empresas seguradoras, na sua maioria sul-africanas, injectaram fundos e muito rapidamente Vilanculo voltou a erguer-se. Algumas infra-estruturas públicas também foram recuperadas com a mesma velocidade, já que beneficiaram do fundo de emergência de recuperação atribuído pelo Governo.

O sector da educação é o exemplo dos que se recuperou com a maior rapidez, segundo informações do respectivo director ao nível do distrito, Almeida Bata. Com o ciclone, Vilanculo perdeu 223 salas de aulas, deixando 386 turmas estudando ao relento, mas todas essas infra-estruturas foram reconstruídas antes do fim do mesmo ano (2007). Agora, o distrito conta com muito mais salas de aulas. Entretanto, a mesma velocidade já não se verifica ao nível do sector da saúde.

Depois do ciclone, o distrito reabilitou o Hospital Rural local. Porém, o titular da pasta da Saúde, Ivo Garrido, decidiu construir um novo Hospital Rural de raiz e mais resistente a possíveis desastres naturais, cujas obras ainda decorrem até ao presente momento. Mas pior do que a demora dessas obras do Hospital Rural é a inexistência de data prevista para o início das obras de reabilitação do Estádio Municipal e da protecção costeira. A marginal de Vilanculo sofreu dois ciclones consecutivos, incluindo o “Fávio”, mas até agora não há dinheiro para a sua reconstrução.

O Município estima em cerca de 150 milhões de Meticais (volta de 5 milhões de dólares americanos) o valor necessário para a recuperação da marginal. “Este valor está acima das capacidades do Município. Só para ter uma ideia, nós temos um orçamento anual de 26 a 28 milhões de Meticais… então, mesmo juntando cinco orçamentos, que são de um mandato todo, não chega para resolver o problema da marginal”, explicou o Presidente do Município. Ainda assim, o Município vai lançar um concurso para a elaboração de um projecto que define tudo o que é necessário para se recuperar a marginal. Só este projecto vai custar cerca de 270 mil dólares.

Aposta é melhorar a engenharia Uma das experiências aprendidas com o ciclone é de melhorar a engenharia de modo que as actuais e futuras infraestruturas de Vilanculo sejam mais resistentes a eventuais ciclones comparativamente com as anteriores. Depois deste fenómeno, a edilidade realizou um estudo em todos os bairros municipais visando identificar técnicas mais seguras e baratas de construção de casas. Este estudo foi realizado com o apoio de um arquitecto chileno.

No âmbito desta iniciativa, o Município construiu cinco casas em 2009 para igual número de famílias e este ano prevê erguer mais oito. A ideia é que este modelo de casa seja replicado pelas populações dada a sua consistência. “Acompanhamos a população na tentativa de melhorar a engenharia das suas casas”, disse Amugy, sublinhando, contudo, que “o difícil é a garantia exacta de que vamos vencer a força da natureza”.

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