O comandante geral da Polícia da República de Moçambique, Jorge Khalau, e o ministro de Defesa Nacional, Salvador Mondlane, contradisseram-se a respeito dos carros blindados vistos a circular com o emblema da Organização das Nações Unidas (ONU), na manhã desta terça-feira (18), na província e cidade de Maputo. Enquanto Khalau afirmou tratarem-se de veículos de guerra a ser montados ilegalmente por uma empresa, também, ilegal e que, por via disso, encontram-se retidos no Porto de Maputo o seu colega de Governo, Mondlane, afirmou tratarem-se de blindados de passagem para a África do Sul, onde são fabricados.
Na verdade a caravana de 100 blindados está em trânsito em Moçambique a caminho do Mali, onde vai integrar uma missão de pacificação.
O comandante-geral da Polícia, que falava à margem da cerimónia de auscultação pública sobre a futura política de combate à criminalidade, disse, à Imprensa, que os blindados em causa, supostamente pertencentes à ONU, estão a ser montados em Moçambique por uma empresa cujo nome ele próprio não indicou.
“Nós já estamos a tomar medidas. Aquela empresa não está legalmente em Moçambique, por isso, retemos aqueles blindados para se poder tomar medidas”, disse e sentenciou que “nós não vamos permitir que aqueles blindados cheguem a qualquer outro sítio”.
Jorge Khalau disse não saber o destino daqueles tanques de guerra, mas garantiu que o caso está a ser investigado para se descobrir, dentre outros factos, como é que entraram em Moçambique. Segundo Khalau, são 16 blindados e estão retidos no porto de Maputo.
Entretanto, o ministro da Defesa, reiterou a informação avançada ontem pelo porta-voz daquele ministério, segundo a qual os carros blindados estão de passagem em Moçambique com destino a África do Sul, país que os fabrica. O ministro confirmou tratar-se de 16 blindados e disse que o país não tem necessidade de adquirir aqueles meios de guerra, visto que “não estamos numa situação que obrigue a intervenção desse tipo de viaturas”.
O governante afastou, no entanto, qualquer possibilidade de estes blindados, inicialmente identificados como sendo da ONU, estarem a cumprir uma missão de pacificação em Moçambique.
“Os governantes saberiam explicar ao país sobre o assunto se essa missão existisse mas no caso vertente trata-se de um mal entendido. Uma operação dessa natureza tem que passar por uma série de instituições e tornar-se pública a informação. A África do Sul usou apenas o nosso porto”, disse Salvador Mondlane.
O ministro da Defesa entende que o destino dos blindados é um assunto alfandegário e explica que devido ao corredor de mercadorias de Moçambique várias instituições foram criadas para fazer registos e estas informam as entidades competentes. “Nós não estaremos aqui a dizer que a mercadoria tal vem da África do Sul e vai para o sítio tal, não é nossa missão, de facto, tratar as coisas dessa maneira”.
Entretanto, a ONU esclarece que são 100 os veículos blindados com o seu emblema e que os mesmos atravessaram Maputo a caminho do Mali, onde vão integrar a missão de pacificação numa iniciativa financiada pelos Estados Unidos da América.
“Posso afirmar que passaram pelo Porto de Maputo 100 veículos cuja compra foi financiada pelos Estados Unidos, para a missão de paz no Mali”, afirmou à agência Lusa fonte do gabinete da representante das Nações Unidas em Moçambique, Jennifer Topping.