Pelo menos oito pessoas, entre elas cinco funcionários estrangeiros da ONU e dois policiais morreram na quarta-feira no centro de Cabul, em um novo ataque suicida assumido pelos talibãs como a “primeira etapa” de uma campanha para desestabilizar o segundo turno eleitoral no país. Um porta-voz da ONU em Cabul, Adrian Edwards, havia falado, antes de seis funcionários estrangeiros mortos.
Mas ainda “precisamos dos resultados de exames efectuados por médicos-legistas para confirmar a identidade” de uma sexta vítima, precisou. O corpo carbonizado foi encontrado no local do ataque. O atentado foi concluído às 8H30 com um violento tiroteio, segundo o porta-voz do ministério do Interior afegão, Zemaraï Bashary. Mais tarde, dois foguetes foram disparados contra o hotel de luxo Serena, na capital afegã. Ambos caíram no jardim do prédio e não causaram vítimas.
O chefe da missão da ONU no país, Kai Eide, fez questão de afirmar que o atentado talibã não vai fazer com que as Nações Unidas abandonem suas atribuições no Afeganistão. “Este ataque, repito, não vai dissuadir a ONU de prosseguir seu trabalho para construir, reconstruir e garantir um futuro melhor para o povo afegão”, declarou Eide. “Vamos continuar trabalhando no Afeganistão”, completou. Três homens armados e equipados com cinturões explosivos atacaram a residência durante a madrugada.
Os disparos e as explosões foram ouvidos durante quase três horas, até a morte dos talibãs. O porta-voz do ministério do Interior informou que os três terroristas foram mortos na operação policial, mas não soube explicar se eles detonaram explosivos ou foram neutralizados pela polícia. Os talibãs reivindicaram o ataque e afirmaram que era uma “primeira etapa” na campanha de desestabilização da eleição presidencial, que terá o segundo turno no dia 7 de Novembro com a disputa entre o actual presidente Hamid Karzai e o ex-chanceler Abdullah Abdullah. Karzai determinou após o ataque um reforço da segurança para as organizações internacionais em Cabul.
“O presidente ordenou às agências de segurança a mobilização de uma segurança reforçada para as organizações estrangeiras, para uma melhor proteção contra tais incidentes”, afirma um comunicado da presidência. Karzai chamou de “odioso e desumano” o atentado contra a hospedaria que abrigava funcionários da ONU no bairro de Shar-e-Now, perto do ministério da Mulher.
Os talibãs anunciaram que o atentado foi apenas o início. “Assumimos o ataque. Esta é a primeira etapa, nós afirmamos que iríamos perturbar o segundo turno da eleição presidencial previsto para 7 de Novembro”, declarou o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahed. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou o ataque, afirmando que a ONU permanece comprometida com o Afeganistão.
“Eu condeno nos termos mais fortes possíveis a matança desprezível e brutal, pela qual o talibã reivindicou responsibilidade em uma aparente tentativa de perturbar o segundo turno das eleições presidenciais”, afirma em um comunicado. O atentado suicida de quarta-feira foi o sexto em dois meses em Cabul. No total, 59 pessoas morreram nos ataques.
O ataque anterior reivindicado pelos talibãs na capital afegã, no dia 8 de outubro, matou 17 pessoas e deixou 63 feridos na explosão de um carro-bomba diante da embaixada da Índia. A situação é tensa no país em plena crise política provocada pela eleição presidencial, que teve um primeiro turno marcado por atos de violências e fraudes em massa. Os talibãs defendem um boicote ao segundo turno, com ameaças de atentados aos eleitores.